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sábado, 22 de novembro de 2014

Francisco. "A Igreja reconhece Jesus no rosto do próximo"

O Papa aos participantes do VII Congresso Mundial para a Pastoral dos Migrantes e Itinerantes


Roma, 21 de Novembro de 2014 (Zenit.org) Sergio Mora


O Santo Padre Francisco se dirigiu nesta sexta-feira aos participantes do VII Congresso Mundial da pastoral da migração, evento organizado pelo Pontifício Conselhor para a Pastoral dos Migrantes e Itinerantes.

A conferência na Pontifícia Universidade Urbaniana, em Roma, que começou na segunda-feira 17 e termina hoje, teve como tema "Cooperação e desenvolvimento na pastoral das migrações”, e buscou dar “respostas adequadas ao fenómeno da migração económica e promover o potencial social que os povos em movimento trazem para a Igreja e toda a comunidade”.

"A Igreja, além de ser uma comunidade de fieis que reconhece Jesus Cristo no rosto do próximo, é mãe sem fronteiras e sem limites”. Este foi o pensamento exposto pelo Santo Padre. E acrescentou que a Igreja: “É mãe de todos e se esforça por alimentar a cultura da acolhida e da solidariedade, onde ninguém é inútil, está fora de lugar, ou é descartável”.

Em seu discurso o Papa recorda que, apesar dos fatos registados, “às vezes dolorosos até dramáticos” a emigração “ainda é uma aspiração à esperança. Especialmente nas áreas deprimidas do planeta, onde a falta de trabalho impede a realização de uma existência digna para os indivíduos e para as suas famílias”.
"Este congresso -- considerou o Santo Padre – colocou em foco as dinâmicas da cooperação e do desenvolvimento na pastoral dos migrantes”. E foi analisado “os factores que causam a migrações, especialmente as desigualdades, a pobreza, o crescimento demográfico, a crescente necessidade de ocupação em alguns sectores do mercado de trabalho, as calamidades causadas pelas mudanças climáticas, as guerras e as perseguições, e o desejo das novas gerações de mover-se para encontrar novas oportunidades.

Recordou que as migrações de um lado dão vantagens aos países que acolhem, com mão de obra e “não raramente limitando também os vazios criados pela crise demográfica”. Enquanto isso, os países dos quais partem os migrantes, “têm benefício por causa do dinheiro enviado que cobre as necessidades das famílias que ficaram na pátria”.

"Os migrantes, enfim – destaca o Santo Padre – podem realizar o desejo de um futuro melhor para si e para as próprias famílias”.

O Papa reconhece, entretanto, que esses benefícios são acompanhados "também por alguns problemas", como a fuga de ‘cérebros’ dos países de emigração e a fragilidade das crianças e jovens que crescem sem um pai e uma mãe, ou sem ambos, e o “perigo de ruptura dos matrimónios devido à ausência prolongada”. E nas nações que os recebem estão as “dificuldades de inserção no tecido urbano, já problemáticos”.

Dirigindo-se ao presentes, o Santo Padre elogiou que a reflexão deste Congresso tenha “ido além”, para entender “o cuidado da Igreja na relação entre cooperação, desenvolvimento e migrações”.

Recordou que a comunidade cristã encontra-se comprometida em “acolher os imigrantes e compartilhar com eles o dom de Deus” e que “acompanham os migrantes ao longo de toda a viagem”, com especial atenção “às suas exigências espirituais através da catequese, a liturgia e a celebração dos sacramentos”.

"Infelizmente os imigrantes muitas vezes vivem situações de decepção, de necessidade e de solidão" e disse que eles se encontram, muitas vezes, entre a “erradicação" e a "integração". E aqui a Igreja – disse – tem que ser lugar de esperança, com programas vários, voz em defesa dos direitos dos migrantes, e assistência também material, sem exclusões, de modo que cada um seja tratado como Filho de Deus. 

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