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sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Leu a Bíblia, orou, baptizou-se em 2007 nos EUA e dedicou-se aos inválidos da sua Ucrânia natal

Valentyna Pavsyukova, de «Chalice of Mercy» 

Valentyna frequentemente participa em peregrinações a Medjugorje onde
fomenta o rezar do Rosário

Actualizado 22 de Outubro de 2014

Our Sunday Visitor/Portaluz

Segundo dados de ACNUR do passado dia 11 de Setembro, umas 20.000 pessoas refugiaram-se na cidade ucraniana de Zaporiyia, muitas com invalidez e feridas depois dos combates.

Poucos refugiados que chegavam a esse lugar, sabem que parte do alimento, cadeiras de rodas, medicamentos e outros equipamentos que recebem é fruto do trabalho de uma jovem ucraniana emigrante, Valentyna Pavsyukova, e a organização humanitária Chalice of Mercy (www.chaliceofmercy.org, "Cálice da Misericórdia") que ela, com o apoio de amizades, fundou no ano de 2007 nos Estados Unidos.

Valentyna emigrou para Medford (USA) desde a Ucrânia no ano de 2002. Tinha 18 anos, sabia algo de cosmetologia, quase nada de inglês e o seu primeiro trabalho foi em Black River Industries, empresa cuja política laboral envolve promover - oferecendo trabalho - pessoas com invalidez. Seria uma aprendizagem significativa para a jovem emigrante e determinante no seu futuro…

Trabalhar com inválidos deu-lhe perspectiva

“Na Ucrânia - comenta a jovem - nunca vês as pessoas inválidas em público. Não são considerados pelas instituições; os seus familiares envergonham-se deles e os vêem quase como uma maldição. É parte de uma mentalidade. Sem dúvida, aí estava eu, em Medford, trabalhando com pessoas que tinham severas incapacidades, e elas cuidavam de mim, ajudando-me quando não podia entender algumas coisas em inglês. Esta foi a minha primeira grande conversão”.

Na sua infância, só a avó tinha fé
Valentyna tinha crescido sem experimentar a fé, devido aos devastadores efeitos da perseguição religiosa e a ideologização ateia comunista, que inclusive se prolongaram depois da queda do Muro de Berlim, em 1989.

A sua única raiz espiritual a representava a sua avó a quem ainda considera “a pessoa mais santa do mundo”.

Ela tinha feito abençoar, precisa a jovem neta, um ícone da Santíssima Virgem Maria e Jesus que depois colocou no seu quarto.

“Um dia, quando era pequena, disse-me: «Devo ensinar-te o Pai Nosso para que o rezes quando cheguem à tua vida os tempos difíceis»”.

Aquelas palavras, tiveram sentido quando estava em Medford.

O poder do Pai Nosso
O pequeno povoado e os seus costumes resultavam uma cadeia para a jovem emigrante. O Pai Nosso era o seu consolo e força.

Depois, em começos de 2003, uma mulher imigrante que conheceu providencialmente ofereceu-lhe uma Bíblia em russo que a jovem podia ler. “Pouco a pouco, os Evangelhos foram-me voltando à vida", relata.

Mas a de Valentyna ainda não era uma fé sólida… “Faltava-me coragem”.

Todos os dias a caminho do trabalho, relata, passava frente à igreja de São João Baptista, atraía olhá-la, mas não se animava a entrar.

“Até que uma manhã despertei com uma grande tristeza no coração e disse entre lágrimas: «Deus, ajuda-me a sarar, porque não posso seguir em frente por minha conta»”.

A oração, junto com um texto bíblico que leu por acaso foram determinantes. “Recordo que a passagem dizia algo como: «Se queres amar a Deus, chama-o teu Pai e pede-lhe que entre no teu coração». A primeira oração que aprendi foi o Pai Nosso e junto a esta pregação «Padre, vem ao meu coração», forjaram uma tremenda mudança na minha vida”.

A Eucaristia e o “Cálice de Misericórdia”
Quando por trabalho teve de mudar-se no ano de 2004 para Chippewa Falls (Wisconsin USA) uma experiência de Deus chegou a ela com toda a sua força na Eucaristia.

"Foi uma experiência tremenda. Sentia o Espírito Santo. No momento da consagração pensava: «Não sei nada, mas sei que isto é certo». Logo aí, diante de mim, no altar estava o Corpo de Cristo."

Finalmente com o apoio de um círculo cada vez maior de amigos católicos que eram como a sua família, baptizou-se depois da Páscoa de 2007.

Como entregar-se a Deus?
Mas este era um novo começo para a apaixonada Valentyna. Ela queria entregar-se por completo a Deus, mas não sabia como. "De repente pensei no meu próprio povo, na Ucrânia e da fome de fé que tinham… «Como poderia esquecê-los?», disse-me".

Começou assim, o projecto que logo se consolidaria como ‘Cálice de Misericórdia’ cuja prioridade seria a ajuda médica e situações de emergência humanitária. O primeiro de muitos contentores com equipamento médico chegou à Ucrânia no Outono de 2009.

Hoje que estão profundamente envolvidos na ajuda aos refugiados, Valentyna tem uma só frase quando se lhe pede que dê razões para a sua esperança… “Deus é quem nos dá a providência e abre os corações… Quando dizemos «sim» a Deus, Ele faz o resto”.


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