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terça-feira, 30 de setembro de 2014

O papa lembra aos idosos que a velhice é um tempo de graça

Milhares de idosos foram à Praça de São Pedro para compartilhar com o papa Francisco e com o papa emérito Bento XVI "a bênção da longa vida"


Cidade do Vaticano, 29 de Setembro de 2014 (Zenit.org) Rocio Lancho García


A Praça de São Pedro foi, neste domingo, 28, o cenário de mais um abraço entre o papa emérito Bento XVI e o papa Francisco. A ocasião foi a Jornada da Terceira Idade: idosos e avós procedentes de mais de vinte países se encontraram na manhã deste domingo e deram testemunho de uma vida plena, feliz e a serviço dos outros.

Esta Jornada, chamada de “Bênção da Longa Vida” e organizada pelo Pontifício Conselho para a Família, foi uma oportunidade para escutar os testemunhos de avós que encontraram no próprio fato de "ser avós" uma verdadeira vocação. Deixando de lado o medo de envelhecer e de se sentirem inúteis, estes idosos proclamaram a alegria de ser anciãos.

A música e os cantos para animar a festa, como não poderia deixar de ser, ficaram a cargo de cantores de cabelos grisalhos. O encarregado de entoar a primeira música foi o italiano Andrea Bocelli, com sua famosa canção "Con te partirò".

Depois de escutar os vários testemunhos de avós e anciãos de várias partes do mundo, o Santo Padre dedicou algumas palavras aos fiéis presentes, agradecendo a todos por participarem e fazendo um agradecimento especial a Bento XVI. "Eu disse muitas vezes que gosto muito que ele viva aqui no Vaticano, porque é como ter o avô sábio em casa", afirmou Francisco.

A seguir, o pontífice destacou um dos testemunhos ouvidos na praça, o do casal iraquiano vindo de perto de Mossul. "A eles, vamos dizer todos juntos um especial obrigado. É muito bonito que vocês tenham vindo aqui hoje; é um dom para a Igreja; e nós lhes oferecemos a nossa proximidade, a nossa oração e a ajuda concreta", disse Francisco.

O papa completou que "a violência contra os idosos é desumana, como também a violência contra as crianças. Mas Deus não os abandona. Ele está com vocês. Com a ajuda dele, vocês são e continuarão sendo memória para o seu povo. E também para nós, para a grande família da Igreja. Obrigado".

Estes irmãos, prosseguiu o papa, nos testemunham que, mesmo nas provações mais difíceis, os idosos que têm fé são como árvores que continuam dando fruto. E isto vale também nas situações mais comuns, em que pode haver outras tentações e outras formas de discriminação.

O Santo Padre declarou que a "velhice, de forma particular, é um tempo de graça em que nosso Senhor nos renova o seu chamado e nos chama a custodiar e transmitir a fé. Ele nos chama a rezar, nos chama a interceder, nos chama a ser próximos de quem precisa dele".

"Os avós têm uma capacidade para entender as situações mais difíceis, uma grande capacidade. E, quando rezam por estas situações, a oração deles é forte, é poderosa!".

"Os avós, que receberam a bênção de ver os filhos dos seus filhos, têm uma tarefa grande: transmitir a experiência da vida, a história de uma família, de uma comunidade, de um povo; compartilhar com simplicidade uma sabedoria e a mesma fé: a herança mais preciosa!".

Francisco mencionou os países em que a perseguição religiosa foi ou tem sido cruel: nesses lugares, "foram os avós que, às escondidas, levaram as crianças para ser baptizadas". Eles "salvaram a fé nesses países", afirmou Francisco.

Mas o ancião nem sempre tem uma família que o acolhe. Por esta razão, o Santo Padre pediu que as casas para os idosos sejam "realmente casas e não prisões" e sejam de facto "para os idosos, e não para os interesses de outros". Francisco afirmou que não "deve haver instituições nas quais os idosos vivam esquecidos, escondidos, descuidados". As residências de idosos deveriam ser "pulmões" de humanidade num país, num bairro, numa paróquia; "deveriam ser santuários de humanidade, onde quem é velho e frágil recebe cuidados e é protegido como um irmão ou como uma irmã mais velha".

Outro aspecto sobre o qual o Santo Padre reflectiu em seu discurso foi o abandono dos idosos. Às vezes, "os mais velhos são descartados com atitudes de abandono que são uma verdadeira eutanásia oculta". Isto, explicou ele, "é efeito dessa cultura do descarte, que faz muito mal ao mundo. Todos nós somos chamados a nos contrapor a esta venenosa cultura do descarte".

Como cristãos, concluiu o papa, somos chamados a imaginar, com fantasia e sabedoria, os caminhos para encarar este desafio. "Um povo que não cuida dos avós e não os trata bem é um povo que não tem futuro", destacou Francisco. Mas ele também exortou os idosos: "Vocês têm a responsabilidade de manter vivas estas raízes em vocês mesmos. Com a oração, com a leitura do evangelho, com as obras de misericórdia". Assim, agregou, “permanecemos como árvores vivas, que, na velhice, não param de dar fruto”.

O bispo de Roma afirmou, ao finalizar, que "uma das coisas mais belas da vida de família, da nossa vida humana de família, é acariciar uma criança e se deixar acariciar por um avô ou por uma avó".

Francisco celebrou a santa missa e, em seguida, conduziu a oração mariana do ângelus.

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