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sábado, 30 de agosto de 2014

Ulemás: a violência do Estado Islâmico viola a sharia

Líderes muçulmanos declaram que as acções das milícias extremistas no Iraque e na Síria são contrárias à lei islâmica


Roma, 29 de Agosto de 2014 (Zenit.org) Sergio Mora


A União Internacional dos Ulemás, liderada pelo influente pregador Youssef al-Qaradawi, do Catar, declarou nesta quarta-feira, 27 de Agosto, que as acções do grupo Estado Islâmico no Iraque e na Síria violaram a lei do islão.

"A matança de pessoas inocentes, muçulmanas ou não, por parte de grupos como as milícias do Estado Islâmico (EI) a pretexto de motivações confessionais repugnantes é um delito e viola a sharia". O comunicado foi publicado em Doha, onde reside Yousef Al-Qaradawi, líder do movimento.

Na França, diversas associações levantaram a voz, como a Organização da Cooperação Islâmica, principal porta-voz do mundo muçulmano em seus 57 países membros, que, durante o ataque das milícias do Estado Islâmico no final de Julho, condenou “as acções terroristas e as ameaças proferidas pelo DAECH (sigla do Estado Islâmico em árabe) contra cidadãos cristãos inocentes em Mossul e Nínive, que tiveram que abandonar as suas casas”. Trata-se de “um crime que não pode ser tolerado” e que “não tem nada a ver com o islão nem com os seus princípios, que propõem a justiça, a caridade, a equidade, a tolerância e a coexistência”.

Foram feitos ainda outros pronunciamentos, como o da União de Organizações Islâmicas da França, que manifestou a sua solidariedade para com os cristãos perseguidos, e o Conselho Francês do Culto Muçulmano, que convidou seus fiéis “a reafirmarem o apreço pela liberdade religiosa e pelo respeito de todas as crenças de cada pessoa humana”. Esses comunicados, porém, ainda não são numerosos o suficiente.

Em 12 de Agosto, o Vaticano pediu que sejam condenadas todas as acções violentas: “É necessário sermos unânimes na condenação sem nenhuma ambiguidade dos crimes que estão sendo cometidos no Iraque e denunciarmos a invocação da religião para justificá-los”, pronunciou-se o Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-Religioso, em comunicado oficial.

O Conselho Pontifício pediu que todas as pessoas comprometidas no diálogo inter-religioso, os seguidores de todas as religiões e os homens e mulheres de boa vontade "denunciem e condenem sem ambiguidade estas práticas indignas do ser humano".

Por outro lado, um documentário de um correspondente muçulmano da Vice News, que conviveu durante três semanas com as milícias do Estado Islâmico, regista um dos combatentes das filas de Abu Bakr Al-Bagdadi proclamando: "Nós somos os muçulmanos que querem que a sharia seja cumprida nesta terra. Juro por Deus, o único Deus que existe, que a única maneira de fazer cumprir a sharia é mediante as armas".

A ONU denunciou nesta quarta-feira a violência implacável do Exército Islâmico e a do regime de Assad contra os civis na Síria. No relatório, os analistas da ONU declaram que todas as partes em conflito estão recebendo vultosas quantidades de armas e munições dos seus simpatizantes no exterior e reiteram a necessidade de um embargo. 

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