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sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Encontro de Rímini: apresentado o livro-entrevista O papa e o filósofo

Carriquiry: o Santo Padre afirmou, certa vez, que Methol Ferré nos ajudou a pensar


Roma, 28 de Agosto de 2014 (Zenit.org) Sergio Mora


O livro-entrevista de Alvear Metalli dedicado ao filósofo uruguaio Alberto Methol Ferré, amigo de Jorge Mario Bergoglio, foi apresentado nesta quarta-feira no Encontro para a Amizade entre os Povos, que acontece de 24 a 30 de Agosto na cidade italiana de Rímini.

Além do autor do livro, estiveram presentes na apresentação o secretário da Pontifícia Comissão para a América Latina (CAL), Guzmán Carriquirry, e o professor Massimo Borghesi, da Universidade de Perugia.

“O papa Francisco acompanhou atentamente, durante vinte anos, todos os escritos que Methol produziu em duas revistas, a Víspera e a Nexo”, contou Carriquirry a ZENIT. De Montevidéu, o filósofo uruguaio viajava com frequência para a Argentina, onde tinha um querido amigo sacerdote: o cardeal Quarracino, de quem Bergoglio se tornou bispo auxiliar.

"Quando foi presidente do CELAM, e mesmo antes, quando era presidente do departamento dos leigos nesse mesmo organismo, Quarracino tinha em Methol um colaborador muito próximo. Bergoglio manteve com ele uma amizade e uma profunda estima pessoal e intelectual, a ponto de, quando recebeu o presidente uruguaio José Mujica, ter dito a ele que 'Methol nos ajudou a pensar'", recorda o secretário da CAL.

Carriquiry disse ainda que o filósofo nascido em Montevidéu em 1929 se converteu à fé católica aos 20 anos de idade graças à leitura de Chesterton, de quem aprendeu “que a existência é um dom, assim como a salvação e a fé: ou seja, somos cristãos por gratidão”.

Methol, prosseguiu o secretário, foi um latino-americano que conheceu os pensamentos populares, como o de Haya de la Torre e o de Juan Domingo Perón, a história desses povos e a religiosidade popular que eles cultivaram. O filósofo uruguaio foi um crítico sistemático e agudo dos livros de Guevara, e, apesar disso, foi recebido com respeito em Cuba. Foi também um crítico das contaminações ideológicas da Teologia da Libertação e, no livro-entrevista com Alvear Metalli, declarou que ela se libertou rápido demais das intuições que faziam parte da sua origem.

Carriquiry contou que foi ele quem pôs “o mestre do Rio da Prata” em contato com o movimento Comunhão e Libertação.

O livro apresentado não demonstra apenas a atenção do filósofo à realidade da América Latina, mas também “os novos paradigmas de leitura de pareceres no cenário internacional depois da fase bipolar e no tempo do pós-comunismo”.

Foram destacadas algumas partes do livro, como a passagem histórica do liberalismo messiânico ao niilismo libertino. Outras páginas importantes são a fase de transição dos países para os estados-continentes: primeiro os Estados Unidos, depois a Rússia, se souber fazê-la, além da União Europeia, da China, da Índia e da América Latina, que tem maiores factores de unidade.

O secretário da CAL recordou também que, pouco antes do conclave de 2005, Methol antecipava a sua alegria pela eleição do cardeal Ratzinger para a sé de Pedro e acrescentava que estava chegando a hora de um papa latino-americano.

Methol faleceu em 2009. Carraquiry disse que, se estivesse vivo depois da eleição de Bergoglio ao papado, ele teria comemorado pessoalmente e retomado as suas leituras sobre o renascimento católico latino-americano e apontado as novas exigências e responsabilidades que este pontificado traz para toda a Igreja da América Latina. “Methol nos faz muita falta e este livro nos torna presente o seu legado”.

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