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domingo, 31 de agosto de 2014

"É triste descobrir que os cristãos já não são o sal da terra"

As palavras do Papa Francisco durante o Ângelus


Roma, 31 de Agosto de 2014 (Zenit.org)


Publicamos aqui a tradução de ZENIT das palavras que o Papa pronunciou hoje às 12h durante a oração do Angelus na Praça de São Pedro.

***

[Antes do Angelus]

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

No itinerário dominical com o Evangelho de Mateus, hoje chegamos ao ponto crucial em que Jesus, depois de ter verificado que Pedro e os outros onze tinham acreditado nele como Messias e Filho de Deus , “começou a explicar [lhes] que tinha que ir à Jerusalém e sofrer muito..., ser morto e ressuscitar ao terceiro dia" (16, 21).

É um momento crítico no qual emerge o contraste entre o modo de pensar de Jesus e aquele dos discípulos. Pedro até mesmo se sente no dever de reprovar o Mestre, porque não pode atribuir ao Messias um fim tão vergonhoso. Então Jesus, por sua vez, repreende severamente Pedro, coloca-o de volta “na linha”, porque não pensa “como Deus, mas como os homens” (v 23) e sem perceber faz a tarefa de Satanás, o tentador.

Sobre este ponto insiste, na liturgia deste domingo, também o apóstolo Paulo, que, escrevendo aos cristãos de Roma, lhes diz: "Não vos conformeis com este mundo - não entreis nos padrões deste mundo -, mas deixai-vos transformar renovando o vosso  modo de pensar, para poder discernir a vontade de Deus” (Rm 12,2).

Na verdade, nós cristãos vivemos no mundo, totalmente inseridos na realidade social e cultural do nosso tempo, e com razão; mas isso traz o risco de que nos tornemos "mundanos", o risco de que "o sal perca o sabor", como diria Jesus (cf. Mt 5,13), ou seja, que o cristão se torne aguado, perca a novidade que lhe vem do Senhor e do Espírito Santo. Em vez disso, deveria ser o contrário: quando nos cristãos permanece via a força do Evangelho, essa pode transformar “os critérios de juízo, os valores determinantes, os pontos de interesse, as linhas de pensamento, as fontes inspiradoras e os modelos de vida” (Paulo VI, Exortação Apostólica Evangelii nuntiandi, 19).

É triste encontrar cristãos "aguados", que parecem vinho diluído, e não se sabe se são cristãos ou mundanos, como o vinho diluído que não se sabe se é vinho ou água! É triste isso. É triste encontrar cristãos que não são mais o sal da terra, e sabemos que quando o sal perde o seu sabor, não serve mais para nada. O seu sal perdeu o sabor porque se entregou ao espírito do mundo, ou seja, se tornou mundano.

Portanto, é necessário renovar-se continuamente com a seiva do Evangelho. E como é possível pode fazer isso na prática? Antes de mais nada, lendo e meditando o Evangelho a cada dia, para que a palavra de Jesus esteja sempre presente na nossa vida. Lembrem-se: sempre será de ajuda levar o Evangelho com vocês: um pequeno Evangelho, no bolso, na bolsa, e ler uma passagem durante o dia. Mas sempre com o Evangelho, porque é levar a Palavra de Jesus, e poder lê-la. Também participando da Missa dominical, onde encontramos o Senhor na comunidade, escutamos a sua palavra e recebemos a Eucaristia que nos une a Ele e entre nós; e depois são muito importantes para a renovação espiritual as jornadas de retiro e de exercícios espirituais.

Evangelho, Eucaristia e oração. Não se esqueça: Evangelho, Eucaristia, oração. Graças a esses dons do Senhor podemos conformar-nos não ao mundo, mas a Cristo, e seguir o seu caminho, o caminho do “perder a própria vida” para reencontrá-la (v 25). "Perdê-la", no sentido de doá-la, oferecê-la por amor, e no amor - e isso envolve o sacrifício, até mesmo a cruz - para recebê-la novamente purificada, livre do egoísmo e da hipoteca da morte, cheia de eternidade.

A Virgem Maria nos precede sempre nesta jornada; deixemo-nos guiar e acompanhar por ela.

[Depois da oração do Angelus]

Queridos irmãos e irmãs,

Amanhã se celebra na Itália a Jornada pela custódia da criação, promovida pela Conferência Episcopal. O tema deste ano é muito importante: "Educar para cuidar da criação, para a saúde dos nossos países e das nossas cidades". Espero que se reforce o compromisso de todos, instituições, associações e cidadãos, para que seja salvaguardada a vida e a saúde das pessoas e também respeitando o meio ambiente e a natureza.

Saúdo todos os peregrinos da Itália e de outros países, especialmente os peregrinos de Santiago do Chile, Pistoia, San Giovanni Bianco e Albano Santo Alexander (Bergamo); os jovens de Modena, Bassano del Grappa e Ravenna; o grande grupo de motociclistas da Polícia e da banda da Polícia. Seria bom, finalmente, ouvi-la tocar...

Uma saudação especial vai para os parlamentares católicos, reunidos para o quinto encontro internacional, e incentivo-os a viver o delicado papel de representantes do povo de acordo com os valores evangélicos.

Ontem, recebi uma grande família de Mirabella Imbaccari, que me trouxe saudações de todo o país. Agradeço a todos pelo amor deste país. Saúdo os participantes da "Scholas": continuem em seu compromisso com as crianças e os jovens, trabalhando na educação, no desporto e na cultura; e desejo-vos um bom jogo amanhã, no Estádio Olímpico!

Posso ver daqui os jovens que pertencem ao sindicato dos plásticos. Seja fieis ao vosso lema: é muito perigoso andar sozinho nos campos e na vida. Sempre andem juntos.

Desejo-vos um bom domingo, peço-vos que orem por mim, e bom almoço. Nos vemos!

«O desejo das colinas eternas»: bela película-testemunho de 3 pessoas que deixaram a vida gay

Dois homens, um deles célebre modelo, e uma mulher 

Da esquerda à direita: Dan, Rilene e Paul.
Actualizado 29 de Julho de 2014

C.L. / ReL

Entre 17 e 20 de Julho teve lugar em Filadélfia (Estados Unidos) o encontro anual de Courage [Valentia], apostolado católico para pessoas com atracção pelo mesmo sexo, debaixo da presidência do arcebispo Charles J. Chaput.

Durante o evento apresentou o documentário Desire of the Everlasting Hills [O desejo das colinas eternas], em alusão à expressão que simboliza habitualmente o amor de Deus na devoção ao Sagrado Coração de Jesus, tomada das bendições de Jacob nas Sagradas Escrituras (Gen 49, 26).

A película apresenta com grande beleza formal o testemunho de três pessoas, dois homens (Dan e Paul) e uma mulher (Rilene), que partilham com o espectador o drama da sua vida homossexual, o sentido da sua luta pela castidade e a paz alcançada pela entrega a Deus no seio da Igreja.

"É impossível ver este importante documentário sem lágrimas, mas não lágrimas tristes, sim lágrimas felizes, lágrimas que vem de um movimento alegre do espírito. São pessoas profundamente feridas pelas decisões que tomaram e que combateram para alcançar uma paz profunda", comenta Austin Ruse, presidente do Instituto Católico pela Família e os Direitos Humanos, em Crisis Magazine.

Dan: duas formas de passar diante da catedral
Dan sentia-se atraído pelos homens, mas inicialmente repelia-o a relação sexual com eles. Depois da sua desagradável primeira experiência, invadiram-no a depressão e a vergonha: "Que fiz eu?", perguntava-se. Nunca pensou em suicidar-se, mas teria dado as boas-vindas à morte.

Orou ferventemente para que a sua atracção pelo mesmo sexo desaparecesse, e como isso não sucedeu, deu as costas a Deus. Acreditava n’Ele mas odiava-O, queria-O morto porque prometia coisas que não cumpria. Cada vez que passava por diante da catedral da sua cidade, dirigia-lhe um gesto obsceno. Voltou-se na vida gay.

Só teve um "namorado" real, e durante um tempo foi feliz. Mas ele queria formar uma família e ter filhos. Quando estava a ponto de dizer à sua família que vivia com um homem, enamorou-se de uma companheira de trabalho.

No seu testemunho, Dan explica que durante o ano que esteve com ela voltou a sentir que Deus o amava. E por isso, quando romperam e ele sentiu a tentação de procurar de novo relações homossexuais, venceu-a, convencido de que esse não era o caminho até à sua paz interior. E cita a C.S. Lewis para afirmar que, ante o sofrimento, a criança procura a segurança, mas o homem procura o significado. A "segurança" era dar as costas a Deus... E além disso a pornografia e as conversas pela internet. Mas desta vez Dan escolheu o significado.

Agora contempla toda a sua vida como uma procura para compreender-se a si mesmo e encontrar a consolação nos mandamentos da Lei de Deus. Já não levanta o dedo ao passar junto à catedral, que vê como um sinal de beleza e um porto no qual refugiar-se. "Fomos criados para algo melhor que para ceder. Toda a minha vida estive cedendo. Já não quero ceder mais, ainda que isso signifique uma vida como solteiro", explica Dan.

Paul: até que a Madre Angélica se converteu no seu segredo
Se o caso de Dan é o de um drama interior vivido numa cidade pequena, o de Paul é o de um modelo internacional na agitada Nova Iorque dos anos 70, depois de iniciar-se na vida gay aos 15 anos nas praias de Miami.

Naqueles dias "Manhattan era como um reino de fantasia: se eras bonito, estavas no céu". Boa parte do seu tempo passava-o ligando com homens. O seu apetite sexual era insaciável, "frenético": teve "dezenas, e logo centenas e inclusive milhares de pares, fazendo-se insensível ao que significa ser corpo e alma com alguém". Um dos seus amantes esteve entre as primeiras novecentas pessoas a quem se diagnosticou a sida: "90% dos meus amigos apanharam a enfermidade e morreram".

A ele não o preocupava a sida, porque assumia que, depois de tantos milhares de relações, estava infectado. Nem sequer tinha feito o teste. De facto, mudou-se para São Francisco para não morrer em Nova Iorque. Mas quando se descobriu o AZT, primeiro fármaco eficaz contra o VIH, sim quis fazer o teste.

E então, quando se dirigia ao laboratório com esse objectivo, a sua vida começou a mudar: "Recordo claramente que estava conduzindo pela Dolores Avenue sentindo-me sentenciado, quando um raio de sol atravessou a capota e me senti em paz e harmonia. Então escutei uma voz desde o centro do meu ser que me dizia: tu não tens sida porque tens demasiado que fazer para compensar como viveste". Quando o médico lhe confirmou que não estava doente, "foi a sensação mais maravilhosa do mundo".

Então conheceu a Madre Angélica. Uma manhã cedo, fazendo zapping na televisão depois de uma noite de sexo desbocado, encontrou-se "com uma imagem muito estranha". Chamou o seu par e assinalou-lhe o ecrã: ambos se riram da religiosa, que naquela época levava um remendo no olho e evidenciava sinais de um derrame cerebral. Gozaram com ela denominando-a "a monja pirata".

Sem dúvida, o seu "namorado", ao sair da casa, disse algo que a Paul lhe pareceu "inteligente, real e honesto": "Deus criou-nos a ti e a mim para sermos felizes nesta vida e na próxima. Ele cuida de ti. Ele vê cada um dos teus movimentos. Não conheces ninguém que possa fazer isso".

A partir daquele dia, a Madre Angélica converteu-se no segredo escondido de Paul. Mudava de canal quando o seu amigo entrava no quarto, mas quando saía voltava a sintonizar a EWTN. Começou a ir à igreja procurando que ninguém o visse para não perder amigos nem clientes. E acabou indo confessar-se: "Confessei pecados contra os Dez Mandamentos".

E agora recorda quando, rodeado de pessoas bonitas e famosas, contemplava a espectacular linha do céu [skyline] de Nova Iorque e sentia-se feliz e eufórico: "Essa felicidade e essa euforia, que me teria durado toda a vida, empalidece perante a que sinto ao tomar o Corpo e o Sangue de Nosso Senhor na missa".

Rilene: 35 anos depois, umas palavras formosas
Rilene manteve, depois de um início imprevisto, uma relação lésbica durante 25 anos: "Encontrei-a durante uma festa. Havia uma rapariga, e por uma série de circunstâncias prestou-me atenção. Reconheceu algo em mim que eu não reconhecia em mim mesma".

Começaram uma relação que para isso começou sendo satisfatória: "Ela queria-me e eu necessitava que me quisessem". Começaram a conviver, e para Rilene chegou também o êxito nos negócios.

Vivia afastada de Deus, e pensar na Igreja produzia-lhe "um riso histérico": "Tudo isso da Igreja era para gente débil, gente incapaz de relacionar-se, pessoas pobres e enfermas que não sabem manejar as suas vidas".

Sem dúvida, com o passar dos anos começou a sentir que a relação com o seu par não preenchia o seu vazio interior. Faltava algo, um algo que sim podia fazê-la totalmente feliz. A sensação de controlar a sua vida e dirigi-la ao seu desejo triunfando em tudo começava a revelar-se falsa. Começou a compreender que há coisas que escapam ao nosso controlo, mas para uma pessoa na sua posição reconhecer isso exigia humildade e valentia. Rilene teve ambas as coisas, até compreender que a liberdade implica responsabilidade, isto é, assumir as consequências dos nossos actos. Fez perguntas do estilo "Como sei que estou dirigindo bem a minha vida? Que critério me permite chegar a uma conclusão a respeito? Tem a minha vida um propósito? Que significa estar satisfeito e em paz?".

E descobriu que onde encontrava resposta a essas interrogações era nessa Igreja da que antes se ria, e entre esses cristãos objecto da sua zombaria. Sumida num processo de depressão, começou a sair dele quando voltou aos templos que não tinha frequentado em anos, também por conselho da sua terapeuta. Foi à missa: "Nada tinha mudado, eu conhecia as respostas e as orações". Ao chegar o momento da comunhão, o seu desejo mais profundo era comungar: "Eu sabia que não estava em estado de graça e não o fiz. Mas foi o desejo mais forte de algo que tinha tido na minha vida".

Na semana seguinte foi confessar-se. Era 4 de Julho (Dia da Independência), assim não havia ninguém: "Graças a Deus! Assim que me ajoelhei e disse essas palavras realmente tão formosas: ´Bendiga-me, padre, porque pequei´. Tinham passado 35 anos desde a minha última confissão". Estive 45 minutos no confessionário, experimentando "um esmagador sentimento de gratidão": "Nunca o esquecerei. Agora estou a salvo. E estou em casa".

Clique aqui para ver a película na sua integridade (em inglês). Abaixo oferecemos-te o trailer.



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A VOZ DAS MÃOS e exposição ESCULTURAS DO MEU FADO - 6 de Setembro Mosteiro da Batalha

Depois da permanência da exposição ESCULTURAS DO MEU FADO  no Panteão Nacional de Lisboa, esta exposição de homenagem ao fado junta-se de novo à apresentação do disco A VOZ DAS MÃOS no dia 6 de Setembro pelas 21.30h nas Capelas Imperfeitas do Mosteiro da Batalha.

Inauguração da exposição ESCULTURAS DO MEU FADO . 21.30H
A Exposição ficará patente até dia 6 de Outubro


Concerto de apresentação do disco  A VOZ DAS MÃOS - 22h
Após o concerto teremos a habitual prova de vinhos pela Herdade dos Templários.

Entrada - 7.50€
Reservas através do telefone 91 0623320 ou 91 7215056 ou poderão adquirir nos locais referidos em cartaz.

Os associados do Montepio beneficiam do desconto exclusivo de 20% na aquisição de ingressos.

http://www.montepio.pt/SitePublico/pt_PT/institucional/patrocinios-eventos/musica/cristina-maria-a-voz-das-maos.page?altcode=2014CMV


O seu filho é fruto de uma violação: «Quando o olho sinto o amor que sente qualquer mãe»

«Sinto-me livre», afirma Robyn 

Robyn McLean com o seu filho Adriel, fruto de uma experiência
traumática e violenta.
Actualizado 28 de Julho de 2014

Benedetta Frigerio / Tempi.it

Apanhada, insultada e violada pelo seu namorado, ficou grávida e decidiu esconder a violência temendo a reacção da sua família e das pessoas da paróquia. «Mas quando o meu filho Adriel chegou ao mundo, embargou-me a alegria» e os «meus pais estavam orgulhosos e felizes de vê-lo».

«Queria só desaparecer»
Ela chama-se Robyn McLean, é uma jovem estadunidense de origem filipina e decidiu contar ao mundo, através de um blogue, a sua história pessoal, tão dramática e feliz. Robyn ficou grávida em 2010, duas semanas depois de ter dito ao seu namorado que já não queria ter relações sexuais com ele: «Queria esperar até o matrimónio», mas ele «abusou de mim com violência».

Robyn é filha adoptiva de um pastor protestante e tinha educado muitas raparigas mais jovens que ela ao valor da castidade. «Mas eu, sem dúvida, caí». Depois de descobrir que estava grávida, passou horas chorando «pensando nelas: só queria desaparecer». Não só: quando Robyn disse ao seu namorado que tinha decidido deixá-lo, ele chantageou-a ameaçando-a com difundir coisas de todo o tipo sobre ela. Para convencê-la o jovem chegou inclusive a fingir um arrependimento que na realidade não sentia: «Pediu-me perdão por não ter-me tratado pelo maravilhosa que eu era», salvo que tentou violá-la três meses depois: «Tentei defender-me (…), até que finalmente parou».

«Quem quererá este menino?»

De seguida, «por uma série de razões» (ou de não razões), Robyn decidiu permanecer com esse homem. «Acabamos casando-nos, esperava que ele com o tempo mudasse. Não posso nem imaginar o cega que estava então», confessa a jovem. «Tentava sobreviver como podia e evitar problemas». Durante meses, por todas as partes (incluídas as pessoas da sua igreja) enchiam-na de dúvidas: «Quem quererá este menino», «Quem queria uma recordação assim?». Mas por outro lado, quando nasceu Adriel, inesperadamente, já «não sentia nenhuma vergonha de olhá-lo. Surgiam novos sentimentos e novas memórias. Não havia nem pena nem agonia. Era um menino tão encantador que me conquistou».

«Vi que o amava»

O pequeno fez anos «o muro de prejuízos que disse que nada de bom pode vir de uma violação ou de uma circunstância dramática», conta hoje Robyn. Afortunadamente, continua, «os meus sentimentos não mudaram nunca (…) apesar do seu pai biológico. Estou orgulhosa do meu filho, do forte que foi no meu seio». E se «antes o único que via eram os problemas e a vergonha, agora o único que vejo é que quando o meu filho nasceu, tudo mudou. Eu mudei, os meus sentimentos mudaram» e «vi claramente quanto o amava». Adriel foi desde o primeiro momento «um imã para as pessoas (…) as quais sempre faz sentir importantes».

Robyn não dúvida em chegar de seguida ao centro da questão. O aborto. É equivocado pensar que um caso dramático como o seu tenha que terminar por força com um aborto. «Nem sempre sabemos o que nos reserva o futuro», escreve. Mas, em todo o caso, segundo ela «tomar a decisão de matar um menino que se leva no seio porque pensamos que assim tudo terminará de um certo modo, de um modo melhor, é algo muito equivocado. Quando olho o meu filho e o vejo, sinto o mesmo amor que sente qualquer mãe. Não vejo as recordações negativas ou a dor. Não me arrependo de nada, não sinto dor». Pelo contrário, «sinto-me livre».

«Amo-os»
Robyn pensa «nas mães que, ali fora, abortaram» sem nenhuma presunção nem vontade de julgar alguém. «Não estou zangada com vocês. O meu coração chora a perca do vosso filho (…). Algumas de vós não haveis tido alguém que vos dissesse que vos amava, e é tão difícil então amar os outros...». Por isto, se «vos disseram que sois nada, que sois inúteis e estúpidas, eu quero dizer-vos que vos amo, que sois desejadas, que tendes um grande valor».

Tradução de Helena Faccia Serrano.


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sábado, 30 de agosto de 2014

Fez um pacto com o diabo para triunfar no heavy metal; e Cristo resgatou-o com uma surpresa

Kirk Martin, ex-líder da banda Power of Pride 

Kirk Martin
Actualizado 27 de Julho de 2014

Portaluz

Os sons do mais duro heavy metal eram uma harmoniosa sinfonia para ele. Ferido e magoado na infância, sedento de fama, não duvidou em oferecer tudo crendo que aí estava o seu tesouro.

Ex-líder da banda: Power of Pride
“O melhor era estar no palco tendo o controlo… Encantava-me ser adorado e que as pessoas que olhavam, dissessem «Wow! Quero ser isso»”. As palavras pertencem a Kirk Martin, que até há alguns anos liderava uma banda de heavy Metal chamada Power of Pride (O poder do orgulho) nos Estados Unidos.

Conseguiu participar em múltiplos concertos, onde projectava uma imagem selvagem e iracunda sobre o cenário. “Conseguir que milhares de pessoas gritassem blasfémias era a maior adrenalina que podia experimentar”, conta ao canal de televisão CBN.

Cheio de ódio
Mas esta imagem sinistra não só era uma posse cénica, mas tinha a sua correlação na vida real de Kirk. A sua robusta figura dava marco ao seu carácter briguento e as várias tatuagens no seu corpo falavam das crenças e espírito que o habitava. “Estava tão cheio de ódio que projectava esse ódio até muitas pessoas”, sincero e prossegue… “dois dos membros de la banda (enquanto estávamos na estrada em certa ocasião) decidiram que estavam fartos de mim e que não podiam aguentar-me mais, e eles, de faco decidiram deixar a banda”.

Os jovens idolatram-no
Reconhece que por muito tempo gozou da soberba, que enalteciam as letras das suas canções arengando com elas a rebeldia dos jovens que o idolatravam. “Toda a minha intenção era dizer às pessoas que acreditassem em si mesmos, que seguissem as suas próprias visões, os seus próprios sonhos e esmagassem quem se lhes atravessasse no seu caminho”.

Um pacto com o diabo: "Te servirei até ao fim dos tempos"
Mas as origens do seu surpreendente êxito, assinala, não foi por simples empenho, assertividade ou qualidade musical. Kirk não estava disposto a arriscar fracasso ou esperar fortuna e sem duvidá-lo propôs-se a concretizar o seu anseio ainda que para isso arriscou tudo num sinistro pacto. “Cravei as patas no solo, arranhei a terra e disse a Satanás: «Se me dás o que quero, se me fazes um deus, se me dás as mulheres, as drogas e a fama, tudo. Se me dás o poder de esmagar as pessoas, servir-te-ei até ao fim dos tempos»”.

O determinante trauma na infância
Logo pronunciou a decisão, recorda, em questão de dias uma casa discográfica oferecia-lhe um suculento contracto para que o seu grupo pudesse gravar um próximo disco.

Mas aquele pacto de escravidão não era o único segredo que Kirk guardava enquanto se afundava na ilusão da fama, sexo e fortuna… “Durante a minha meninez, uns rapazes no bairro começaram a molestar sexualmente e a sodomizar-me quando tinha provavelmente uns 8 anos. Ocorreu mais de uma vez e nunca falei disso, nunca o disse a ninguém”.

Violentado na infância, cheio de raiva, aproveitar-se sexualmente das mulheres converteu-se em parte do estilo de vida heavy metal de Kirk. “A pior parte do meu abuso foi o facto de que o interiorizei e violava outros”, recorda.

Um homem revela-lhe o que só ele conhecia
Estando a horas de assinar o contracto discográfico pelo qual tinha vendido a sua alma, Kirk teve um encontro com um misterioso estranho durante uma manhã numa pastelaria. “Um tipo entrou e sentou-se ao meu lado de entre todos os assentos nos quais se podia ter sentado… Havia muitos assentos livres, e imediatamente olhei-o com esta horrível e mesquinha expressão na minha cara. Olhei-o e disse-lhe: «Que se passa papá!?» e voltou a olhar o seu café… Olhou-me directamente na cara e respondeu «Que se passa amigo?». Saltei pela mesa e pus o meu nariz em frente do seu. Olhei-o nos olhos e simplesmente amaldiçoei-o, chamei-lhe todas as coisas imundas que me ocorreram, e disse-me: «Deus mandou-me aqui para dizer-te que te ama e quer que saibas que Ele não foi responsável pelos jovens que abusaram de ti quando eras criança», e o que era tão alucinante sobre isso, é que ele usou os seus nomes e disse: «Jesus está esperando-te para que voltes a cara para casa»”.

O misterioso homem foi-se e Kirk permaneceu pensativo, em choque, alguns segundos. Levantou-se de onde estava atrás dos passos do estranho, queria enfrentá-lo, mas quando saiu à rua, a pessoa tinha-se desvanecido.

A noite em que brilhou uma só estrela
Horas mais tarde quando Kirk estava a ponto de adormecer no autocarro da tournée da banda, foi sacudido no meio da noite. Talvez foi um sonho revelador, mas ele recorda-o como um facto real e vívido…

De facto apareceu uma grande estrela, como se caísse do céu, e o espírito de Deus mesmo actuou no autocarro. Eu não sabia porque odiava tanto a Deus. Tudo, simplesmente voou e a única coisa que sentia era amor. Senti-me aceite, senti-me como que era esse menino pequeno outra vez, antes que abusassem de mim, e disse: «Jesus, vem aqui e destrói-me porque eu não quero ser mais isto». Dou-me conta agora, que perante a presença de Deus, o pecado, o ódio e a falsidade não pode, não há lugar para isso, assim que tem que sair. E todas estas coisas começaram a deixar o meu coração”.

Já tudo era diferente

Kirk, como um menino, voltou a dormir e quando despertou na manhã seguinte, tudo parecia diferente. “A erva era mais verde, o céu era mais esponjoso, as nuvens eram formosas, e eu era diferente”. O contracto? Pouco o importava pois “aquilo que sempre tinha querido, de repente não o queria mais. Deixei tudo e nunca mais voltei à banda”.

Uma etapa de reconciliação
Em busca de respostas e de reconciliação com a fé, Kirk encontrou uma igreja no seu povoado natal e voltou-se ao cristianismo. Quando começou a assistir às celebrações, o seu conselheiro espiritual aconselhou-o a terminar o doloroso ciclo que tinha começado na infância. Que procurasse os jovens que tinham abusado dele para perdoá-los foi o desafio.

“Encontrei-os e não sei se se recordavam de mim. Então perguntei-lhes: «Porque me fizeram isto?». Começaram a contar-me a história de como alguém os tinha violado, como em crianças tinham encontrado uma revista pornográfica e isso é o que os tinha levado a abusar de mim, e logo convidaram outro rapaz a quem fizeram o mesmo. Eles tinham dado os seus corações a Cristo. Sentámo-nos, chorámos e abraçámo-nos. Falámos sobre isso e rezámos, assim é como passamos tudo isto”.

De novo na música mas de outra maneira
Com o tempo Kirk também reencontrou o seu talento musical, sustentado na liberdade e cura oferecida por Deus, escrevendo e interpretando canções de louvor. Formou família e juntos viajam por todo o país partilhando o milagre que mudou a sua vida.

“A minha mulher é simplesmente um tesouro e a minha família é o testemunho maior da piedade e a graça de Deus. Eu que era viciado nas drogas, o sexo e a violência, o ódio, que usava a música como uma ferramenta para destruir as pessoas fui recolhido e curado por Deus… Tudo isso para sua glória”, conclui.

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O Papa vai administrar o sacramento do matrimônio para 20 casais no Vaticano

A cerimónia será na basílica de São Pedro, no próximo dia 14 de Setembro


Roma, 29 de Agosto de 2014 (Zenit.org) Rocio Lancho García


O Santo Padre Francisco, pela primeira vez desde que se tornou Papa, presidirá a celebração do sacramento do matrimónio para uns vinte casais. Será na Basílica de São Pedro, às 9h, no domingo 14 de Setembro, assim foi confirmado esta manhã pela agência de notícias francesa I.Media.

Um encontro que pode lembrar aqueles que o Papa Francisco teve com casais de noivos que estavam para se casar, com os quais se encontrou na praça de São Pedro no dia 14 de Fevereiro, Dia de São Valentim. Nessa ocasião foram 25 mil casais que participaram da reunião, procedentes de 28 países.

"Como curar esse medo do ‘sim para sempre’? Todo dia se cura, confiando no Senhor Jesus, em uma vida que se torna uma jornada espiritual diária, feita de passos, pequenos passos, passos de crescimento comum, que consiste no esforço para se tornar homens e mulheres maduros na fé. Porque, queridos noivos, o ‘para sempre’, não é somente uma questão de duração! Um matrimónio se consegue não somente com a duração, mas também é importante a sua qualidade”, disse o santo padre naquele dia para os noivos presentes na praça.

A celebração dos matrimónios chega três semanas antes do começo do Sínodo Extraordinário dos Bispos, convocado por Francisco, que afrontará o tema da pastoral familiar. O encontro está marcado do 5 ao 19 de Outubro de 2014, e traz como título “Os desafios pastorais sobre a família no contexto da evangelização".

No mês de Junho desse ano o Instrumentum Laboris para o Sínodo foi apresentado no Vaticano. Esse documento é o resultado da investigação promovida pelo Documento Preparatório que incluía um questionário de 39 perguntas que "recebeu uma resposta positiva e uma vasta consulta, tanto do povo de Deus quanto da opinião pública geral”, disse o cardeal Baldisseri, secretário-geral do Sínodo dos Bispos.

O Santo Padre ao pároco de Gaza: ser sal da terra

O padre Jorge Hernandez, argentino do Instituto do Verbo encarnado: Francisco nos encoraja a ser sal da terra em Gaza


Roma, 29 de Agosto de 2014 (Zenit.org)


O Papa Francisco reuniu-se esta manhã com o Padre Jorge Hernandez, do Instituto Argentino Verbo Encarnado, pároco de Gaza. Durante o encontro, conversaram sobre os momentos dramáticos que estão vivendo estas semanas na Faixa.

O padre Hernández explicou em uma entrevista à Rádio Vaticano que o Papa Francisco sempre esteve perto deles, “enviou-nos um email e que traduzimos rapidamente para o árabe e assim chegou a toda a comunidade cristã, que agradeceu muito”, porque um pensamento desses em momentos assim “é um consolo enorme, um alívio”.

Também salientou a importância do convite do Papa para um encontro pessoal com ele, “para nos fazer entender, sentir sua proximidade, sua palavra, seu encorajamento para que sejamos – esta é a mensagem em síntese – sal da Terra em Gaza”.

E acrescenta que, se houve alguma palavra do Papa Francisco que lhe tocou de forma particular foi as do testemunho cristão. O Santo Padre disse-lhe que “o Evangelho exige sacrifícios, que Jesus Cristo nos pede em diferentes lugares. Alguns tem que testemunhar a Jesus Cristo ali, na terra que o viu sofrer, que o viu morrer, mas que também o viu ressuscitar. Portanto, força, coragem, adiante!”

Por outro lado, o sacerdote explicou na entrevista que o Papa Francisco "está ciente do fato de que somos uma minoria: falamos de 1300 (cristãos) em quase 2 milhões de pessoas, dos quais 136 são católicos". Ou seja, a paróquia do padre Hernandez tem 136 fiéis. Embora – acrescentou – as relações com os ortodoxos são muito boas.

O sacerdote do Verbo Encarnado analisou como o compromisso de Francisco pela paz na Terra Santa é visto também pelos não cristãos. "É um compromisso de vida, um compromisso existencial e concreto, para dizer que a paz é possível, que os dois povos podem viver em paz, testemunhando especialmente o Príncipe da paz, que é Jesus Cristo”. E acrescenta: “os frutos da peregrinação do papa Francisco já são palpáveis e serão mais no futuro: o facto de ter conquistado o coração das pessoas, de ter dado uma palavra boa para os dois Estados foi para nós uma graça enorme”.

Em relação à trégua recentemente alcançada, o padre disse que as pessoas, os paroquianos, "esperam que seja duradoura". E também esclarece que "é necessário entender uma coisa: uma guerra não é vencida por ninguém. Ninguém. As duas partes terão que pagar as consequências, uns de um modo e outros de outra”.

Finalmente, o Padre Jorge faz um apelo. “A paz é possível, a paz requer sacrifícios, requer o testemunho mútuo e o reconhecimento do próximo. Mas, é possível”. Além do mais, agradeceu todas as pessoas que mostraram sua proximidade, “especialmente aos doentes, que têm oferecido o seu sofrimento, rezando e implorando por esta paz".

Do Brasil à Puglia: uma missão perpétua

Em seu último livro, o Arcebispo de Taranto, Dom Filippo Santoro reflecte sobre a contribuição da Conferência de Aparecida de 2007 e os desafios para o catolicismo latino-americano e italiano


Roma, 29 de Agosto de 2014 (Zenit.org) Luca Marcolivio


Transmitir a experiência da Conferência de Aparecida para os fiéis de todo o mundo, fora das fronteiras da América Latina. Este é o objetivo do último livro assinado pelo Arcebispo de Taranto, Dom Filippo Santoro, intitulado “La forza del fascino Cristiano. Il contributo di um testimone della Conferenza di Aparecida” (A força do encanto cristão. A contribuição de uma testemunha da Conferência de Aparecida (Itaca, 2014).

A obra repercorre e actualiza os pontos principais da V Conferência do Episcopado Latino-Americano, realizada em 2007, com um papel importante desempenhado pelo então arcebispo de Buenos Aires, Jorge Mario Bergoglio.

À margem da apresentação do livro, que aconteceu ontem no Meeting de Rímini, ZENIT encontrou o autor, que traçou as semelhanças e diferenças entre os desafios da evangelização na América Latina (Monsenhor Santoro, além de participar das sessões de Aparecida, durante muitos anos foi missionário no Brasil) e na Europa, especialmente na Itália.

ZENIT: Vossa Excelência, como surgiu a ideia de um livro sobre a conferência de Aparecida?
Dom Santoro: O livro responde à necessidade de introduzir também na Itália a Conferência de Aparecida, um evento que, fora da América Latina, pouco se sabe, a tal ponto que, durante um Sínodo, um bispo australiano me perguntou: "Who is Aparecida?", como se se tratasse de uma mulher... a chave de leitura do livro é precisamente a experiência da beleza e do atractivo cristão. Na conferência de Aparecida se enfrentam todas as problemáticas da América Latina, no entanto, como explicitado em um discurso do Cardeal Bergoglio, isso acontece a partir da experiência da fé, a partir do ser, do coração e do olhar dos discípulos missionários. Nesta perspectiva os passos indispensáveis são dados pela formação dos discípulos missionários, depois são propostas várias opções entre as quais a retomada e o aprofundamento da opção preferencial pelos pobres.

ZENIT: Poderíamos dizer que Aparecida, em virtude do papel fundamental desempenhado pelo então cardeal Bergoglio, representa uma espécie de manifesto programático do pontificado do Papa Francisco, que teria começado seis anos mais tarde?
Dom Santoro: O verdadeiro documento programático do Papa Bergoglio é a exortação apostólica Evangelii Gaudium, que não somente está cheia de citações de Aparecida, mas do espírito de Aparecida. É um documento cheio da experiência que o cardeal Bergoglio fez, conseguindo sintetizar vários elementos e desafios que, às vezes de modo conflituante, surgiram em Aparecida. Na redacção Bergoglio, portanto, reuniu todos os estímulos vindos da galáxia da Teologia da Libertação, das seitas, do fenómeno da secularização, da pobreza, da corrupção, dos direitos humanos, da dignidade da pessoa: tudo isso foi colocado em um contexto que centraliza a beleza do ser discípulos de Cristo, pessoas que encontraram o Senhor, ficaram fascinadas e o seguiram, portanto entram no cerne dos problemas com um coração e um olhar novo. Aparecida é, certamente, uma das vertentes do Magistério do Papa que não é um magistério sectorial ou ‘local’ mas é proposto para toda a Igreja, porque aprofunda o essencial: o amor de Cristo que chega através da morte e da Ressurreição, da sua misericórdia, da proximidade de Deus connosco.

ZENIT: Qual é a maior lição que recebemos da religiosidade dos povos latino-americanos?
Dom Santoro: A primeira lição é aquela da implementação do Concílio, um objectivo assumido por todas as conferências do episcopado latino-americano, de Medellín (1968), passando por Puebla (1979) e Santo Domingo (1992), para chegar finalmente a Aparecida.

Isto foi vivido em um ambiente dominado pela fé católica e por um marcado entusiasmo, mas a expansão das seitas foi como uma chicotada, questionou profundamente os católicos sobre o que queriam fazer, especialmente para as classes mais baixas, onde tinha surgido a Teologia da Libertação, mas, no final, muitos pobres terminaram acabando nas seitas.

Há, portanto, um interesse em melhorar as condições humanas e sociais, mas, sobretudo, de repropor a mensagem de Cristo em sua beleza. A novidade na Igreja da América Latina se deve à experiência que o Espírito suscitou através das novas comunidades, movimentos, comunidades de base (que também se inspiram em parte na Teologia da Libertação), comunidades paroquiais, pequenas comunidades. Esta experiência coloca a fé no centro da existência, não apenas como uma premissa, mas também como dinâmica de agregação, de unidade das pessoas, de atenção aos dramas das pessoas. Esta é a experiência que anima a Igreja na América Latina: o encontro com o Senhor vivido no seguimento, no louvor, no canto, na solidariedade e nesta experiência é possível viver com intensidade a opção preferencial pelos pobres, que em Aparecida não foi esvaziado ou empobrecido, mas intensificou-se, porque o coração de Cristo se faz próximo do povo.

ZENIT: O senhor tem um passado de missionário no Brasil: como revive esta experiência em seu ministério episcopal actual?
Dom Santoro: Assim que eu cheguei em Taranto, encontrei-me diante de desafios muito grandes. A lição que recebi na América Latina foi principalmente a proximidade com as pessoas. Uma das primeiras visitas que fiz em minha diocese actual foi em um hospital, onde me encontrei com todos os pacientes; mais tarde visitei a prisão onde a directora queira fazer-me encontrar com 70 dos 700 detidos, mas eu quis visitar todos os sectores, mesmo que me disseram que era perigoso. Quis cumprimentá-los um por um, apertando as mãos deles através das grades da prisão e lhes disse: "se você estão aqui é porque fizeram algo, mas a dignidade não perderam, podem recuperá-la plenamente”. Com a eclosão do caso do ILVA, coloquei-me em contacto com os trabalhadores em greve e participei de vários congressos e seminários médicos promovidos para a leucemia e outras doenças provocadas pela poluição do ILVA e de outras fábricas. O aspecto missionário, portanto, era deixar acontecer os desafios, mas o coração é aquele de comunicar a esperança cristã, estar próximo das pessoas para que encontrem a Igreja não como um conjunto de doutrinas ou de normas mas como uma vida onde se reflecte a a beleza de Cristo que te pega e não larga mais.

ZENIT: Quanto à Igreja italiana, quais são seus pontos fortes?
Dom Santoro: A experiência italiana é notável, em particular, do ponto de vista da catequese. O itinerário catequético até agora realizado representa uma riqueza, não só para a Itália, mas também para outros países. Há, portanto, a valorização de certas realidade ligadas à devoção popular. Em Taranto, por exemplo, encontro uma grande religiosidade popular que sintoniza fortemente com um dos mais belos capítulos de Aparecida, que é a piedade popular. Na Itália, muitas vezes tenho encontrado uma agudeza na fé, uma inteligência da fé, profunda, sistemática, intensa, que desempenha melhor o nível próprio da experiência e, portanto, da proximidade com os problemas vividos pelas pessoas. 

O papa telefona para um sacerdote iraquiano do campo de refugiados de Ankawa

O religioso tinha enviado uma mensagem a Francisco através do aplicativo Viber


Cidade do Vaticano, 29 de Agosto de 2014 (Zenit.org) Robert Cheaib


"Uma carta de lágrimas": este foi o título que o pe. Behnam Benoka deu à carta que escreveu ao papa Francisco. O sacerdote explicou a ZENIT que aproveitou a presença do amigo jornalista Alan Holdren, no voo pontifício de volta da Coreia do Sul, para enviar a carta ao papa através do Viber, um aplicativo de mensagens para telefones celulares inteligentes. O jornalista transcreveu a carta em papel e o entregou ao Santo Padre.

No texto, o sacerdote se dirige ao papa dizendo: "Ao Santo Padre, nosso pastor misericordioso. Meu nome é Behnam Benoka, sacerdote de Bartella, uma pequena cidade cristã perto de Mossul. Sou vice-reitor do seminário católico de Ankawa. Mas hoje estou em uma barraca que montamos junto com uma equipe de médicos e voluntários para dar assistência médica aos nossos irmãos que estão desabrigados por causa da perseguição".

O pe. Behnam explica ao Santo Padre a trágica situação de centenas de milhares de cristãos: "Santidade, a situação das suas ovelhas é miserável. Eles morrem e têm fome. Seus pequenos têm medo e não aguentam mais. Nós, sacerdotes, religiosos e religiosas, somos poucos e tememos não conseguir responder às exigências físicas e psíquicas dos filhos deles, que também são nossos".

O sacerdote expressa ainda o seu reconhecimento ao papa Francisco pelos contínuos apelos que ele tem feito em prol dos irmãos perseguidos no Iraque: "Quero lhe agradecer muito, muitíssimo mesmo, por nos manter sempre no seu coração. Coloque-nos no altar em que celebra a missa para que Deus cancele os nossos pecados e tenha misericórdia de nós, e, talvez, afaste de nós este cálice".

A carta prossegue, manifestando temores e pedindo bênçãos: "Escrevo com as minhas lágrimas, porque estamos em um vale escuro no meio de uma grande alcateia de lobos ferozes. Santidade, tenho medo de perder os seus pequenos, em especial os recém-nascidos que, a cada dia, se cansam e se debilitam mais; temo que a morte leve embora alguns deles. Mande-nos a sua bênção para termos a força de seguir em frente e, quem sabe, resistir ainda mais. Com profundo amor, Behnam Benoka".

A resposta de Francisco não demorou. De volta à Itália, na manhã do dia 19 de Agosto, o papa telefonou para o pe. Behnam expressando a sua profunda comoção com a carta recebida.

Conforme as declarações do sacerdote, o papa lhe manifestou a sua profunda gratidão pelo trabalho dos voluntários nos campos de refugiados.

Na conversa telefónica, o papa Francisco confirmou o seu pleno apoio e a sua proximidade dos cristãos perseguidos, prometendo que continuará fazendo todo o possível para dar alívio ao sofrimento deles.

Ao se despedir, o Santo Padre deu a bênção apostólica e rogou que nosso Senhor dê a esses irmãos o dom da perseverança na fé.

Jovem da Guatemala convidará o papa Francisco a visitar o seu país

Diego Martínez é promotor da campanha que entregará ao papa um milhão de assinaturas pedindo a visita apostólica


Cidade do Vaticano, 29 de Agosto de 2014 (Zenit.org)


A Santa Sé confirmou que o papa Francisco, no próximo dia 10 de Dezembro, receberá Diego Martínez, um jovem guatemalteco de 16 anos que lançou uma campanha de recolha de assinaturas para pedir que o papa visite o seu país.

Diego, graduado como chef júnior, é produtor da rádio juvenil on-line www.xpresatguate.com, projecto que está dando voz aos adolescentes e jovens da Guatemala. Ele também promove a iniciativa "Al Vaticano X Guate", nascida depois que ele ganhou o primeiro lugar na categoria Rádio do Prémio Signis, da Associação Católica Mundial para a Comunicação, cujo objectivo é mobilizar os jovens de todo o mundo para expressarem a sua visão de uma cultura da paz.
"Eu quero a paz no mundo" é o nome do projecto apresentado por Diego, que receberá o prémio em Roma. O novo desejo do jovem é aproveitar a viagem ao Vaticano para levar um milhão de assinaturas e uma mensagem de paz ao Santo Padre, convidando-o a visitar a Guatemala.

Durante uma entrevista, o jovem guatemalteco exortou "o povo católico, os sacerdotes, os religiosos, os pastores, os ministros e os cristãos em geral a se unirem para recuperar a fé e convidar o papa Francisco a visitar a Guatemala", porque "nós, jovens do país, precisamos dele".

A campanha já conseguiu 226 mil assinaturas e programou actividades públicas para promover a união do povo guatemalteco.

Uma nota oficial da Secretaria de Estado do Vaticano, enviada pelo embaixador da Guatemala perante a Santa Sé, Alfonso Matta Fahsen, e reproduzida no site do projecto, afirma que Diego Martínez será recebido em audiência privada e terá um tempo especial para conversar com o papa Francisco e entregar a ele o milhão de assinaturas e as mensagens de paz, além de fazer o convite em nome do povo da Guatemala para que o Sumo Pontífice os visite.

Nossa Senhora da Caridade do Cobre é entronizada nos Jardins do Vaticano

A imagem da padroeira de Cuba é uma réplica da original feita em bronze


Cidade do Vaticano, 29 de Agosto de 2014 (Zenit.org)


Nossa Senhora da Caridade do Cobre já está nos Jardins do Vaticano. Com uma cerimónia celebrada às 9h da manhã de ontem, com meia hora de duração, a padroeira de Cuba foi colocada na área próxima ao Sino do Jubileu.

O Santo Padre não pôde estar presente. Participaram os cardeais Antonio Cañizares, prefeito da Congregação para o Culto Divino, Giuseppe Bertello, presidente do governatorado do Estado da Cidade do Vaticano, e Tarcisio Bertone, ex-secretário de Estado. Mons. Fernando Vérgez Alzaga, secretário geral do governo da Cidade do Vaticano, os acompanhou.

Participaram também o embaixador de Cuba perante a Santa Sé, junto com a esposa, e dez bispos cubanos. Em total, estiveram presentes na entronização cerca de 60 pessoas.

Durante o acto, após a oração, o cardeal Bertone fez um breve discurso.

O papa Francisco tinha anunciado na audiência geral desta quarta-feira que os jardins do Vaticano receberiam no dia seguinte a imagem da Virgem da Caridade do Cobre, padroeira de Cuba. Francisco aproveitou para “saudar com afecto os bispos de Cuba, vindos a Roma para esta ocasião”, ao mesmo tempo em que lhes pediu “enviar a minha bênção a todos os fiéis cubanos”.

A pequena imagem guarda uma singular história de fé e devoção mariana. É uma réplica da imagem feita em bronze que foi colocada em uma ermida na Baía de Nipe, nordeste da actual diocese cubana de Holguín, nos anos 1950. A ermida marca o lugar em que, no ano de 1612, três mineiros de sal acharam a imagem flutuando nas águas sobre uma tábua com o letreiro “Eu sou a Virgem da Caridade”.


Ulemás: a violência do Estado Islâmico viola a sharia

Líderes muçulmanos declaram que as acções das milícias extremistas no Iraque e na Síria são contrárias à lei islâmica


Roma, 29 de Agosto de 2014 (Zenit.org) Sergio Mora


A União Internacional dos Ulemás, liderada pelo influente pregador Youssef al-Qaradawi, do Catar, declarou nesta quarta-feira, 27 de Agosto, que as acções do grupo Estado Islâmico no Iraque e na Síria violaram a lei do islão.

"A matança de pessoas inocentes, muçulmanas ou não, por parte de grupos como as milícias do Estado Islâmico (EI) a pretexto de motivações confessionais repugnantes é um delito e viola a sharia". O comunicado foi publicado em Doha, onde reside Yousef Al-Qaradawi, líder do movimento.

Na França, diversas associações levantaram a voz, como a Organização da Cooperação Islâmica, principal porta-voz do mundo muçulmano em seus 57 países membros, que, durante o ataque das milícias do Estado Islâmico no final de Julho, condenou “as acções terroristas e as ameaças proferidas pelo DAECH (sigla do Estado Islâmico em árabe) contra cidadãos cristãos inocentes em Mossul e Nínive, que tiveram que abandonar as suas casas”. Trata-se de “um crime que não pode ser tolerado” e que “não tem nada a ver com o islão nem com os seus princípios, que propõem a justiça, a caridade, a equidade, a tolerância e a coexistência”.

Foram feitos ainda outros pronunciamentos, como o da União de Organizações Islâmicas da França, que manifestou a sua solidariedade para com os cristãos perseguidos, e o Conselho Francês do Culto Muçulmano, que convidou seus fiéis “a reafirmarem o apreço pela liberdade religiosa e pelo respeito de todas as crenças de cada pessoa humana”. Esses comunicados, porém, ainda não são numerosos o suficiente.

Em 12 de Agosto, o Vaticano pediu que sejam condenadas todas as acções violentas: “É necessário sermos unânimes na condenação sem nenhuma ambiguidade dos crimes que estão sendo cometidos no Iraque e denunciarmos a invocação da religião para justificá-los”, pronunciou-se o Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-Religioso, em comunicado oficial.

O Conselho Pontifício pediu que todas as pessoas comprometidas no diálogo inter-religioso, os seguidores de todas as religiões e os homens e mulheres de boa vontade "denunciem e condenem sem ambiguidade estas práticas indignas do ser humano".

Por outro lado, um documentário de um correspondente muçulmano da Vice News, que conviveu durante três semanas com as milícias do Estado Islâmico, regista um dos combatentes das filas de Abu Bakr Al-Bagdadi proclamando: "Nós somos os muçulmanos que querem que a sharia seja cumprida nesta terra. Juro por Deus, o único Deus que existe, que a única maneira de fazer cumprir a sharia é mediante as armas".

A ONU denunciou nesta quarta-feira a violência implacável do Exército Islâmico e a do regime de Assad contra os civis na Síria. No relatório, os analistas da ONU declaram que todas as partes em conflito estão recebendo vultosas quantidades de armas e munições dos seus simpatizantes no exterior e reiteram a necessidade de um embargo. 

"Sua Santidade, visite a África. Nós precisamos de você!"

O sacerdote nigeriano, padre Maurice Emelu, autor e jornalista da rede de TV EWTN Global Catholic Network fala sobre seu novo programa criado para curar as feridas morais e sociais do Continente


Roma, 29 de Agosto de 2014 (Zenit.org) Deborah Castellano Lubov


A África precisa de uma visita do Papa Francisco. Tem certeza disso o pe. Emelu Maurice, sacerdote nigeriano, autor e jornalista da rede tv EWTN Global Catholic Network.

Em uma entrevista concedida a ZENIT, o padre Maurice também anunciou os novos projectos da sua tv, especialmente o programa "Palavras para um mundo ferido", que - disse ele - nasceu de uma necessidade pastoral. Ao longo dos anos, o padre teve a oportunidade de conhecer pessoas de todo o planeta e um dos pedidos mais comuns sempre foi o de proporcionar alívio para a cura, a reconciliação e a paz nos corações feridos dos africanos e do mundo todo.

Então, contou que encontrou inspiração na exortação pós-sinodal do Papa Bento XVI “Africae Munus” para dar vida a este programa. A confirmação foi, então, as palavras do Papa Francisco em Setembro de 2013: "A coisa que a Igreja mais precisa hoje é a capacidade de curar as feridas e aquecer os corações dos fiéis; precisa de intimidade, proximidade. Vejo a Igreja como um hospital de campo após a batalha".

O objectivo, diz Emelu, é de fato, chegar “às periferias existenciais”, facilitando a “cura” através do trabalho reconfortante de Cristo e da sua Igreja. Cada episódio do programa de televisão foi adaptado para tratar e aliviar uma ferida particular.

"Se os extremistas têm aterrorizado seu bairro, seu país ou sua cidade e você precisa de algumas palavras de encorajamento para manter a paz, então esta série de televisão irá ajudá-lo", diz o autor.

Na África, de fato, o mal ceifa vítimas a cada dia: ainda são muitas as guerras tribais, pratica-se a violência, a instabilidade política resultante da corrupção favorece o derramamento de sangue. E na Nigéria e na fronteira norte dos Camarões, testemunhamos todos os dias assassinatos de pessoas inocentes pelas mãos de terroristas cruéis do Boko Haram. Em Mali, Somália, Sudão do Sul, Quénia, Líbia não existe nenhum só refúgio seguro. No Oriente Médio estão em vigor guerras sangrentas.

O programa de televisão, portanto, se propõe como uma cura para todas estas pragas morais, espirituais e sociais, dando, episódio após episódio, sugestões sobre como cada uma delas pode ser tratada.

Diante deste panorama sangrento no Continente negro, para o pe. Emelu é urgente uma visita do Papa. "Precisamos do Papa Francisco - diz a ZENIT -. porque traz muita alegria e compartilha o Evangelho de uma forma que suaviza até mesmo o coração mais endurecido".

De acordo com o padre, não importa a raça, a cor, a tribo, a religião: "Somos todos irmãos e irmãs. Nós viemos de uma única família. Deus é o nosso Pai e Criador. O mundo é grande o suficiente para todos. O valor do nosso trabalho é medido no amor que trazemos e compartilhamos". E isso o Santo Padre recorda constantemente e muito bem.

"Deixe-me dizer-lhe – acrescenta o padre Maurice - que qualquer pretensão de ativismo religioso que promove a violência, o terrorismo, ou o ódio, não é verdadeiramente religiosa, mas política e ideológica. A verdadeira religião inspira esperança, paz, justiça, perdão, reconciliação, e, acima de tudo, amor".

Quando questionado sobre como é possível enfrentar os mesmos problemas também com culturas diferentes, Emelu disse que, há cinco anos, quando ele chegou aos Estados Unidos da América, enfrentou um choque cultural, especialmente no que diz respeito ao conceito de família.

Neste contexto, o sacerdote nigeriano sempre vê no trabalho do Pontífice argentino um projecto extraordinário que "está abrindo os olhos do mundo, explicando a beleza do catolicismo". O Santo Padre - diz - está usando de forma muito eficaz todos os meios possíveis, incluindo as redes sociais, para proclamar a beleza da "unidade na diversidade" que a Igreja propõe.

Além disso, o Papa está explicando aos jovens a beleza e a verdadeira identidade da família, a vocação de ensinar e testemunhar o amor. Como aos jovens que encontrou na Coreia do Sul, aos quais insistiu que a juventude não é somente o futuro da Igreja, mas o presente.