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sábado, 26 de abril de 2014

Irmã Caterina, rezastes muito para mim, agora tudo acabou

O milagre que permitiu a beatificação de João XXIII narrado pela mesma religiosa


Roma, 25 de Abril de 2014 (Zenit.org) Rocio Lancho García


Irmã Adele é Filha da Caridade e testemunha da história "dolorosa e trágica" da Irmã Caterina, religiosa que recebeu o milagre por intercessão de João XXIII e permitiu a sua beatificação. Em um encontro com jornalistas em vista da canonização do Papa Bom, esta religiosa recordou a história.

"Uma cura inexplicável", definiu a religiosa. Irmã Adele prestava serviço no hospital pediátrico Lina Ravaschieri de Nápoles e junto com ela trabalha desde 1963, Irmã Caterina Capitani para "ser a mão, o sorriso e a carícia de Deus com os pequenos doentes e fazer a hospitalização mais confortável”.

A religiosa conta como em Março de 1964, Irmã Caterina foi atingida por uma forte hemorragia gástrica nocturna, episódios que se repetiram durante um ano. “Por medo ou privacidade lutava para não revelar a sua doença”, mas, Irmã Adele se viu forçada a contar aos superiores para evitar consequências piores, já que havia suspeita de uma tuberculose pulmonar.

E após a realização de vários exames médicos foi operada. A cirurgia durou cinco horas e lhe foi tirada três quartos do estômago pela gastrite hemorrágica. “Durante a cirurgia todos clamaram ao coração de Jesus pela cura de Irmã Caterina ainda jovem: tinha somente 23 anos”, lembra Adele. Da mesma forma destaca que estavam acostumados a rezar o terço pedindo a João XXIII que tinha falecido pouco tempo antes, no dia 3 de Junho de 62. Lembra do pós-operatório, que foi duro e surgiram complicações, mas a velocidade da equipe médica evitou a catástrofe.

Mas, novamente, a situação tornou-se delicada e finalmente decidiram levar a Irmã Caterina a Nápoles. “Irmã Caterina estava prostrada pelo sofrimento, as esperanças se tinham perdido”, lembra sua irmã de comunidade. No dia 22 de maio de 1966 presentearam á Irmã Caterina uma relíquia de João XXIII que apoiou sobre a ferida. E Irmã Adele conta o que contou depois Irmã Caterina: “senti uma mão apoiada no estômago em direção à fístula e uma voz que me chamava do lado esquerdo: ‘Irmã Caterina’. Assustada ao escutar a voz de um homem, virei-me e vi, de pé, ao lado da cama, o Papa João, com hábito papal, que não sei descrever, porque fiquei olhando o seu rosto, que era muito bonito e sorridente. Ele me disse: ‘Irmã Caterina, rezaste muito para mim, e também muitas, muitas irmãs, mas especialmente uma delas’ (lamentavelmente em minha humildade tenho que dizer que esta ‘uma delas era eu’) arrancastes do meu coração este milagre! Mas, agora tudo acabou: tu estás bem e já não tens nada!”

Depois disso, Irmã Caterina voltou a comer e depois dos exames médicos todos estavam surpresos e os médicos não eram capazes de explicar a cura, lembra a Irmã Adele. Embora houve “prudência religiosa” para falar de milagre. E explica que “nas curas prodigiosas o verdadeiro milagre é a ressurreição do homem, não tanto física como interior em direcção à luz da fé, percebe-se a presença de Deus criador que tudo pode e tudo doa".

E esse foi o milagre que permitiu a beatificação de João XXIII no dia 3 de Setembro do ano 2000. Irmã Adele destaca “toda a vida de Irmã Caterina, tanto na cama da dor como na consagração a Deus, tem sido uma manifestação da bondade divina” e acrescenta que “o resto da sua vida viveu uma grande devoção pelo Papa João, “difundiu-a e transmitiu-a a todas as Filhas da Caridade e ao povo de Deus”, observa a religiosa.

Para finalizar o seu testemunho, indica que “não sabemos desde que lado do paraíso hoje ela nos olha, onde subiu no dia 3 de Abril de 2010, deixando um testamento espiritual que manifesta seu abandono em Deus e na sua vontade. Também hoje Irmã Caterina, com o seu sorriso encantador, volta a falar aos nossos corações: a sua é uma voz do futuro, que vem do passado e se faz presente. Nos ensina que o caminho da fé e do amor é impermeável, mas devemos percorrê-lo com audácia, também através de mares tempestuosos e vulcões em erupção , como fez o Beato Papa João XXIII e como nos exorta a fazer o Papa Francisco na Evangelii Gaudium".

[Trad.TS]

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