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sexta-feira, 25 de abril de 2014

Homilia do papa em Santa Marta: Não sejamos cristãos morcegos

Francisco explica que há fiéis que têm medo da ressurreição e cuja vida parece um funeral


Cidade do Vaticano, 24 de Abril de 2014 (Zenit.org)


Há cristãos que têm medo da alegria da ressurreição que Jesus quer nos dar: a vida deles parece um funeral. Mas o Senhor ressuscitado está sempre connosco, ressaltou o papa Francisco em sua homilia durante a missa celebrada na manhã de hoje na capela da Casa Santa Marta.

A liturgia do dia narra a aparição de Cristo ressuscitado aos seus discípulos. Diante da saudação de paz de nosso Senhor, os discípulos, em vez de se alegrarem, ficaram “transtornados e cheios de temor”, pensando “que viam um fantasma”. Jesus tentou fazê-los entender que o que viam era real, os convidou a tocar nele e pediu que lhe dessem de comer. Ele quer conduzi-los à “alegria da ressurreição, à alegria da sua presença entre eles”. Mas os discípulos “não podiam crer, porque tinham medo da alegria”, disse o papa.

“Esta é uma doença dos cristãos. Temos medo da alegria. É melhor pensar: ‘Sim, sim, Deus existe, mas está lá longe; Jesus ressuscitado, Ele está lá’. Um pouco de distância. Temos medo da proximidade de Jesus, porque ela nos traz alegria. E isso explica a existência de tantos cristãos com cara de enterro, não é? Que a vida deles parece um funeral contínuo. Preferem a tristeza, não a alegria. Ficam mais à vontade não na luz da alegria, mas nas sombras, como aqueles bichos que só conseguem sair de noite, mas não à luz do dia, porque não enxergam nada. Como os morcegos. E, com um pouco de senso de humor, podemos dizer que existem cristãos morcegos, que preferem as sombras à luz da presença do Senhor”.

Mas “Jesus, com a sua ressurreição, nos dá a alegria: a alegria de ser cristãos; a alegria de segui-lo de perto; a alegria de andar pelo caminho das bem-aventuranças, a alegria de estar com Ele”.

“E nós, muitas vezes, ficamos transtornados com essa alegria, ou cheios de medo, ou achando que estamos vendo um fantasma, ou pensando que Jesus é um modo de ser: ‘Mas nós somos cristãos e temos que fazer assim. Mas onde é que está Jesus? ‘Não, Jesus está lá no Céu’. Você fala com Jesus? Você diz a Jesus: ‘Eu creio que Tu vives, que Tu ressuscitaste, que Tu estás perto de mim, que Tu não me abandonas’? A vida cristã tem que ser isso: um diálogo com Jesus, porque Jesus está sempre connosco. Isso é verdade! Ele está sempre connosco no meio dos nossos problemas, das nossas dificuldades, das nossas obras boas”.

Quantas vezes nós, cristãos, “não somos alegres porque temos medo!”. Cristãos que “foram vencidos” na cruz!

“Na minha terra há um ditado que diz assim: ‘Quem se queima com leite fervendo, quando vê uma vaca chora’. E esses cristãos se queimaram com o drama da cruz e disseram: ‘Não, vamos parar por aqui. Ele está no Céu. Muito bem, Ele ressuscitou, mas que não venha aqui de novo, porque não vamos poder mais’. Peçamos a nosso Senhor que Ele faça connosco o que fez com os discípulos que tinham medo da alegria: que Ele abra a nossa mente. ‘Então abriu-lhes a mente para compreenderem as Escrituras’. Que Ele abra a nossa mente e nos faça compreender que Ele é uma realidade viva, que Ele tem corpo, que Ele está connosco, que Ele nos acompanha e que Ele venceu. Peçamos ao Senhor a graça de não ter medo da alegria”.

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