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quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Papa Francisco: A riqueza e a propriedade são boas quando ajudam os outros

O papa escreve o prefácio do livro "Pobre e para os pobres: a missão da Igreja", escrito pelo cardeal Müller


Roma, 19 de Fevereiro de 2014 (Zenit.org) Sergio Mora


O papa Francisco escreveu o prefácio do livro “Povera per i poveri. La missione della Chiesa” [Pobre e para os pobres: a missão da Igreja], do cardeal Gerhard Müller, que será apresentado na próxima terça-feira. No prólogo, o Santo Padre fala sobre a pobreza não somente económica, mas também social e moral, e nos convida a usar os bens não apenas para a satisfação das nossas próprias necessidades, mas também para ajudar as outras pessoas a “produzir frutos”. O papa afirma que a pobreza pode ser entendida como um recurso quando nos leva à solidariedade, a ponto de Jesus tê-la transformado em uma bem-aventurança.

“O dinheiro é um instrumento que, de alguma forma, como a propriedade, prolonga e aumenta a capacidade da liberdade humana”. Por isso, ele permite “agir no mundo, actuar e gerar fruto”. Mas o dinheiro é também um meio que afasta o homem do homem, encerrando-o num horizonte egoísta. O prefácio do livro do cardeal Müller foi publicado hoje pelo principal jornal italiano, o Corriere della Sera.

O Santo Padre cita, no prefácio, uma palavra aramaica que Jesus usa no evangelho, “mammona”, ou seja, “tesouro escondido”, e recorda que os bens “mantidos só para nós mesmos, escondidos dos outros, produzem iniquidade”. Ele cita ainda o termo grego usado por São Paulo, “arpagmos”, como um bem “guardado zelosamente para si mesmo, ou pior, como fruto do que foi roubado de outros”.

O papa também ressalta que a palavra “pobreza”, no mundo ocidental, é reduzida simplesmente a sinónimo de “mal-estar”, relacionando-se com a falta de poder económico, o que significa irrelevância de poder político, social e humano, a ponto de que “aquele que não possui dinheiro só é levado em consideração na medida em que pode servir para outras finalidades”.

Isto ocorre quando o homem, “tendo perdido a esperança no transcendente”, “perde também a alegria da gratuitidade”, de “fazer o bem pela simples beleza de fazer o bem”.

Francisco destaca que “a tarefa dos cristãos é redescobrir, viver e anunciar a todos esta preciosa e original unidade entre o ganho e a solidariedade”, e sublinha que, quanto mais o mundo contemporâneo descobrir esta verdade, mais se resolverão tantos problemas económicos existentes hoje.

Nesta panorâmica, Bergoglio precisa que “não existem somente as pobrezas relacionadas com a economia. Jesus mesmo nos lembra, como advertência, que a nossa vida não depende apenas dos nossos bens”.

O Santo Padre fala da necessidade de solidariedade que todos experimentamos desde crianças. Primeiro, das atenções e cuidados dos pais; depois, em cada etapa da vida, sentimos a necessidade da ajuda de alguém, porque ninguém “conseguirá nunca afastar de si o limite da impotência diante de algo ou de alguém”.

Nesta óptica, a pobreza não deve ser sentida como uma limitação, mas como um recurso, já que o que é dado se transforma em um dom que é vantajoso para todos. E “esta é a luz positiva com que o evangelho nos convida a olhar para a pobreza” e o “porquê de Jesus a ter transformado em uma bem-aventurança”.

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