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quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Converteu-o a beleza do catolicismo, que fez acolhedor o quartinho onde vivia depois de divorciar-se

Tom era pentecostal, mas procurava Cristo 

Tom pede que os templos atraíam pela sua formosura e o trato quente das pessoas.
Actualizado 16 de Novembro de 2013

C.L. / ReL

Se Bento XVI insistiu tanto na beleza como caminho para encontrar Deus, é por casos como o de Tom. Assim baptiza Dwight Longenecker, para cobrir o seu anonimato, a um dos seus paroquianos da paróquia de Nossa Senhora do Rosário de Greenville (Carolina do Sul, Estados Unidos), ao oferecer no seu blog o testemunho da sua conversão.

Uma vida em queda livre

"Convertido pela beleza" intitula-se o post onde, em forma de carta ao padre Longenecker (ele mesmo convertido desde o evangelismo e o anglicanismo), Tom explica que quando chegou a Greenville a sua vida "era um desastre": "O meu matrimónio acabava de se romper e acabei na vossa cidade. Tinha-me criado numa igreja pentecostal rural, mas na minha meia-idade isso, simplesmente, já não funcionava. Procurava algo mais, um caminho para reencontrar Cristo".

Mas a sua perspectiva era algo deprimente. Vivia, explica, num quarto alugado no rés-do-chão de um edifício de apartamentos, um quarto de nove metros quadrados com uma casa de banho, unido a um quarto de estar que partilhava com a família dos dois apartamentos de cima: "Tinha um cartaz de Silêncio que colocava na porta pela noite para que os outros estivessem calados. Era melhor que nada, mas vivia só... E na solidão".

Redecorou a sua vida... E o seu quarto
"Até que fez a sua entrada na beleza", continua Tom, "esse tipo de beleza à qual se refere o padre Robert Barron" - sacerdote norte-americano que difunde o catolicismo mediante vídeos e novas tecnologias - "quando fala de evangelizar através da beleza".

Tom trabalha no sector tecnológico e está "orgulhoso" disso, mas os cubículos onde o faz "não são algo formoso" e ofereciam "um mundo sórdido e sem futuro". Também o seu outro habitat: "O meu quarto era um mundo sórdido e sem futuro". Um mundo que começou a resultar agradável à raiz da sua conversão.

Não oferece detalhes íntimos desse processo, ainda que se insiste em que "a porta de entrada não é sempre amistosa: tens realmente que querer converter-te em católico para chegar a sê-lo". Sem dúvida, na paróquia de Nossa Senhora do Rosário encontrou-se a gosto, porque redescobriu a beleza do sagrado: "Uma ou duas vezes por semana deixava a esterilidade do trabalho e do meu quartinho para ir à missa num espaço formoso, com música formosa e pessoas encantadoras. Receberam-me com agrado, interessaram-se por mim, fiz amigos. Durante a minha preparação para o baptismo, arrastou-me a beleza do catolicismo tanto como o estudo da sua doutrina".

E isso invadiu todos os seus espaços: "A beleza chegou á minha vida privada. Com o passar do tempo a minha habitação foi embelezando-se. Uma cruz na mesa. Logo um rosário que lhe pedi que benzesse. E um missal para ler. E uma vela junto com algumas estampas para rezar. Durante anos tinha lutado com a pobreza interior e a dor, mas a beleza do catolicismo arrastou-me e essas feridas começaram a curar-se. Sentia-me vinculado a Deus e ao seu povo numa forma profunda e carregada de sentido".

Não em todas as partes...
Tom não gosta de aprofundar a sua evolução íntima até Deus, "uma experiência por sua vez dolorosa e bela": "É difícil para mim lutar com as emoções ao evoca-la, mas a minha vida nunca mais voltou a ser a mesma".

A sua fé, sem dúvida, era sólida. Porque logo se mudou para viver em Granton, e ali a sua primeira experiência como católico "foi, por desgraça, insatisfatória": além da escassa empatia dos poucos fiéis da sua paróquia, ali a beleza do sagrado estava ausente e elementos tão concretos como a água benta ou os reclinatórios estavam semiocultos ou eram impraticáveis.

"Não havia arte, nem cor, nem espaço, era como o vestíbulo de um hotel ou de um centro comercial. Pensei: como se supõe que vou sentir-me aqui próximo de Deus?", lamenta: "Nem incenso, nem velas, nem chama junto ao sacrário, apenas pude identificar o que parecia um confessionário, a homília foi monótona... Não se trata por acaso de render culto ao Todo-poderoso?". Também lamenta a falta de relação entre os fiéis, e entre estes e o sacerdote.

"Sei que o catolicismo é mais que tudo isto, mas se isto fosse tudo... Nunca me teria convertido", confessa: "Estou equivocado ao pensar assim? Sem ninguém acolhedor na porta, sem música, sem um ambiente de contemplação e sacralidade, sem arte, sem beleza... Que me teria retido aqui?". E adverte de que talvez muitas pessoas que poderiam converter-se não o fazem porque não encontram "nem um ápice de beleza que brilhe no único lugar onde deveria fazê-lo: se o templo não é um templo, para quê ir a ele?". E não só se refere ao ambiente estético, também ao acolhimento de uns cristãos a outros no lugar onde celebram o domingo.

Por fortuna conclui essa má experiência chegou-lhe já convertido: "Se a minha alma tivesse estado então no lugar obscuro onde estava, em vez do bom lugar onde estou agora, qual teria sido a minha experiência?".


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