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terça-feira, 17 de setembro de 2013

Francisco e Gustavo Gutiérrez abraçam-se na Casa Santa Marta

Francisco recebeu Gustavo Gutiérrez
O pai da Teologia da Libertação crê que Bergoglio "recorda João XXIII"

Um novo passo na reabilitação desta corrente que coloca os pobres no centro
Jesús Bastante, 13 de Setembro de 2013 às 08:31

(Jesús Bastante).- Foi uma audiência privada, na Casa Santa Marta. Sem focos, entre dois velhos conhecidos. Francisco e Gustavo Gutiérrez abraçaram-se ontem em Roma, simbolizando essa Igreja na primeira pessoa do plural que auspicia o Papa argentino, essa Igreja na qual cabemos todos, mais além das diferenças. A Teologia da Libertação voltou a entrar nos aposentos vaticanos.

O encontro foi possível graças à mediação do perfeito da Congregação para a Doutrina da Fé, Gerhard Müller, grande amigo do pai da Teologia da Libertação e que escreveu com ele um livro que agora vê a luz em Itália. Aproveitando a sua estadia em Roma, Müller - que em breve poderá ser nomeado cardeal – fez possível um desejo que era do mesmo Francisco.

Como anunciou ontem RD, horas antes da reunião, o encontro é um passo mais na reabilitação desta corrente teológica, cuja base - despojada do marxismo próprio da época na qual surgiu, o período de Guerra Fria - é o centro da teologia de Francisco: a opção preferencial pelos pobres, os marginalizados, os que não tem nada.

O passo seguinte, segundo diferentes fontes, seria a inclusão de Gutiérrez - que jamais foi condenado pelo Ex Santo Oficio - no grupo de especialistas da Comissão Teológica Internacional.

"Ele recorda-me muito João XXIII", afirma numas declarações a Vatican Insider o teólogo peruano, que assinala que "penso, que talvez, ele esteja levando em frente o Evangelho, não exactamente uma teologia, no máximo, uma teologia próxima à Teologia da Libertação. Falar da importância do pobre, do compromisso, da solidariedade com os pobres... Isso vem do Evangelho. A teologia da libertação apenas recordou isto, não o criou: Está no Evangelho! E o papa é muito evangélico, o seu modo de actuar manifesta-o".

Talvez, dentro desse Evangelho que une todos os seguidores de Jesus, é onde haja que inserir esse abraço que ontem voltou a reunir o Bispo de Roma e a Teologia da Libertação. Depois de três décadas de incompreensão e condenações, o passo dado ontem denota uma vez mais os novos ares que se vislumbram no Vaticano. Numa Primavera que hoje cumpre seis meses.



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