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terça-feira, 24 de setembro de 2013

Aprendamos a olhar-nos uns aos outros sob o olhar materno de Maria

As palavras do papa Francisco pronunciadas na Homilia realizada na Santa Missa durante sua Visita Pastoral a Cagliari


Roma, 23 de Setembro de 2013


Apresentamos a homilia do Papa Francisco na Santa Missa na praça em frente ao Santuário de Nossa Senhora da Candelária, durante sua Visita Pastoral a Cagliari, Itália, realizada no domingo, 22 de Setembro.

Hoje realiza-se aquele desejo que havia anunciado na Praça São Pedro, antes do verão, de poder visitar o Santuário de Nossa Senhora da Candelária.

1. Vim para partilhar com vocês as alegrias e esperanças, esforços e compromissos, ideais e aspirações da vossa ilha, e para confirmar-vos na fé. Também aqui em Cagliari, como em toda a Sardenha, não faltam dificuldades – há tantas – problemas e preocupações: penso, em particular, na falta de trabalho e em sua precariedade, e também na incerteza pelo futuro. A Sardenha, esta vossa bela região, sofre há longo tempo muitas situações de pobreza, acentuadas também pela sua condição insular. É necessária a colaboração leal de todos, com o compromisso das responsabilidades das instituições – também da Igreja – para assegurar às pessoas e às famílias os direitos fundamentais, e fazer crescer uma sociedade mais fraterna e solidária. Assegurar o direito ao trabalho, o direito a levar o pão para casa, pão ganho com trabalho! Estou próximo a vocês! Estou próximo a vocês, lembro-me de vocês na oração, e vos encorajo a perseverarem no testemunho dos valores humanos e cristãos tão profundamente enraizados na fé e na história deste território e da população. Mantenham sempre acesa a luz da esperança!

2. Vim em meio a vocês para colocar-me convosco aos pés de Nossa Senhora que nos dá o seu Filho. Sei bem que Maria, nossa Mãe, está no vosso coração, como testemunha este Santuário, onde muitas gerações de sardes saíram – e continuam saindo! – para invocar a protecção de Nossa Senhora da Candelária, Padroeira Máxima da Ilha. Aqui vocês trazem as alegrias e os sofrimentos desta terra, de suas famílias, e também daqueles filhos que vivem longe, que muitas vezes partiram com grande dor e nostalgia para procurar um trabalho e um futuro para si e pelos seus entes queridos. Hoje, nós todos aqui reunidos, queremos agradecer a Maria porque está sempre próxima a nós, queremos renovar a ela a nossa confiança e o nosso amor.

A primeira Leitura que escutamos nos mostra Maria em oração, no Cenáculo, junto aos Apóstolos. Maria reza, reza junto à comunidade dos discípulos, e nos ensina a ter plena confiança em Deus, na sua misericórdia. Este é o poder da oração! Não cansemos de bater à porta de Deus. Levemos ao coração de Deus, através de Maria, toda a nossa vida, cada dia! Bater à porta do coração de Deus!

No Evangelho, em vez disso, vemos, sobretudo, o último olhar de Jesus para sua Mãe (cfr Jo 19, 25-27). Da cruz, Jesus olha sua Mãe e lhe confia o apóstolo João, dizendo: este é o teu filho. Em João estamos todos, também nós, e o olhar de amor de Jesus nos confia à protecção da Mãe. Maria tem lembrado um outro olhar de amor, quando era uma moça: o olhar de Deus Pai, que tinha olhado para a sua humildade, a sua pequenez. Maria nos ensina que Deus não nos abandona, pode fazer coisas grandes mesmo com a nossa fraqueza. Tenhamos confiança Nele! Batamos à porta do seu coração!

3. E o terceiro pensamento: hoje vim em meio a vocês, antes viemos todos juntos para encontrar o olhar de Maria, porque ali é como reflexo do olhar do Pai, que a fez Mãe de Deus, e o olhar do Filho na cruz, que a fez nossa Mãe. E com aquele olhar hoje Maria nos olha. Precisamos do seu olhar de ternura, do seu olhar materno que nos conhece melhor que qualquer outro, do seu olhar pleno de compaixão e de cuidado. Maria, hoje queremos dizer-te: Mãe, doa-nos o seu olhar! O teu olhar nos leva a Deus, o teu olhar é um presente do Pai bom, que nos espera a cada passo do nosso caminho, é um presente de Jesus Cristo na cruz, que toma sobre si os nossos sofrimentos, os nossos cansaços, o nosso pecado. E para encontrar este Pai repleto de amor, hoje lhe dizemos: Maria, doa-nos o teu olhar! Digamos todos juntos: “Mãe, doa-nos o teu olhar!”. “Mãe, doa-nos o teu olhar!”.

No caminho, muitas vezes difícil, não estamos sozinhos, estamos em tantos, somos um povo, e o olhar de Nossa Senhora nos ajuda a olharmos entre nós de modo fraterno. Olhemo-nos de modo mais fraterno! Maria nos ensina a ter aquele olhar que busca acolher, acompanhar, proteger. Aprendamos a olhar-nos uns aos outros sob o olhar materno de Maria! Há pessoas que instintivamente consideramos menos e que têm mais necessidade: os mais abandonados, os doentes, aqueles que não têm do que viver, aqueles que não conhecem Jesus, os jovens que estão em dificuldade, os jovens que não encontram trabalho. Não tenhamos medo de sair e olhar para os nossos irmãos e irmãs com o olhar de Nossa Senhora, ela nos convida a sermos verdadeiros irmãos. E não permitamos que algo ou alguém se coloque entre nós e o olhar de Nossa Senhora. Mãe, doa-nos o teu olhar! Ninguém o esconda! O nosso coração de filhos saiba defendê-lo de tantas pessoas que prometem ilusões; daqueles que têm um olhar ávido por vida fácil, de promessas que não podem ser cumpridas. Não nos roubem o olhar de Maria, que é repleto de ternura, que nos dá força, que nos torna solidários entre nós. Todos digamos: Mãe, doa-nos o teu olhar! Mãe, doa-nos o deu olhar! Mãe, doa-nos o deu olhar!

Nostra Segnora ‘e Bonaria bos acumpanzet sempre in sa vida.



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