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sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Patriarca do Iraque: "Intervenção militar dos EUA na Síria seria uma catástrofe"

Dez anos depois da derrocada de Saddam, nosso país continua sendo atingido pelas bombas, pela insegurança e pela crise


Roma, 29 de Agosto de 2013


Uma intervenção militar liderada pelos Estados Unidos contra a Síria seria “uma catástrofe. Seria como explodir um vulcão, numa explosão destinada a arrasar o Iraque, o Líbano, a Palestina. E talvez alguém queira precisamente isto”, declarou o patriarca da Babilónia dos Caldeus, Louis Raphael I Sako, em conversa com a Agência Fides, sobre a possibilidade de um ataque exterior que já é dado como iminente contra o regime de Assad.

O líder da comunidade cristã mais importante no Iraque enxerga na intervenção ocidental na Síria a mesma experiência já sofrida pelo seu povo: “Dez anos depois da chamada 'coligação dos voluntários', que derrocou Saddam, o nosso país continua sendo atingido pelas bombas, pelos problemas de segurança, pela instabilidade da crise económica”.

Além disso, no caso sírio, o patriarca caldeu considera as coisas ainda mais complicadas pela dificuldade de se entender a dinâmica real da guerra civil, que dilacera aquela nação há anos: “A oposição a Assad está dividida, os diversos grupos lutam entre si, há uma proliferação de milícias jihadistas... O que vai acontecer com esse país depois?”.

Para o patriarca, as fórmulas utilizadas pelos países ocidentais para justificar qualquer intervenção parecem instrumentalizadas e confusas: “Todos falam de democracia e liberdade, mas, para chegar a esses objectivos, é preciso passar por processos históricos. Não é possível pensar em impô-los de forma mecânica e muito menos pela força. A única via, na Síria, como em qualquer parte, é a busca de soluções políticas. Empurrar os combatentes a um pacto, imaginar um governo provisório que inclua tanto os do regime quanto as forças da oposição, escutar o que o povo sírio realmente quer, na sua maioria”.

O patriarca caldeu mostra cautela também quanto à opção de justificar a intervenção como uma represália inevitável pelo uso de armas químicas por parte do exército de Assad: “Os ocidentais”, diz Sako, “também justificaram a intervenção contra Saddam com a acusação de que o regime do Iraque tinha armas de destruição massiva. Mas essas armas não foram encontradas nunca”.



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