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sábado, 31 de agosto de 2013

Parolin, versado na Venezuela de Chávez, será o ‘número dois’ do Papa para governar a Igreja

Francisco nomeia o Secretário de Estado

Monsenhor Pietro Parolin
Actualizado 31 de Agosto de 2013

Luis del Real Espanyol / ReL

Depois de cinco meses de pontificado, o Papa Francisco nomeou hoje o que será a sua mão direita para governar a Igreja católica.

O escolhido é o arcebispo Pietro Parolin, actual núncio apostólico na Venezuela, de 58 anos, nascido num povoado de Vicenza, no norte de Itália. Em 1980 ordenou-se sacerdote e seis anos mais tarde completou os seus estudos de Direito Canónico na Pontifica Universidade Gregoriana de Roma. Substituirá, portanto, o cardeal Tarcisio Bertone, muito questionado por boa parte do colégio cardinalício pelo escândalo do chamado "Vatileaks", que afectou profundamente Bento XVI, e são muitos os que relacionam a sua demissão com este triste assunto de roubo de documentos por parte de colaboradores muito próximos ao já Papa emérito.

Um homem experimentado
O arcebispo Pietro Parolin é um homem experimentado no governo da Igreja. Já trabalhou com intensidade para defender os interesses da Igreja católica na Venezuela de Hugo Chávez, primeiro, e com Maduro, depois.

Mesmo assim foi durante sete anos subsecretário para as Relações com os Estados, algo assim como o “número dois” do que entenderíamos como o "Ministro de Exteriores" da Santa Sé. Em 2009 foi nomeado núncio do Papa na Venezuela, e desde então tem resolvido a infinidade de problemas que gerava o regime autoritário venezuelano. Fala quatro idiomas: italiano, espanhol, inglês e francês, e, além disso, serviu como diplomático papal perante os governos da Nigéria e México.

Conhecedor da Cúria
O substituto do cardeal Tarcisio Bertone à frente da Secretaria de Estado é também italiano, de carreira diplomática, e bom conhecedor do funcionamento da cúria vaticana. Estes três requisitos eram fundamentais no perfil da pessoa que está chamada a revolucionar a estrutura organizativa do Vaticano.

Na Santa Sé há uma lei não escrita desde há muitos séculos que "sugere" a conveniência de nomear um Secretário de Estado italiano se o Pontífice não é do país da pizza.

No caso do arcebispo Pietro Parolin reúne este perfil: é italiano, conhece muito bem o funcionamento da Secretaria de Estado e está considerado um grande diplomata.

Também foi importante que o arcebispo Parolin tenha estado afastado de Roma nos últimos anos do pontificado de Bento XVI, época convulsa no pequeno Estado Vaticano pelas lutas pelo poder de alguns eclesiásticos. Essa "distância" foi considerada por alguns analistas como idónea para exercer como futuro Secretário de Estado, já que terá mais liberdade para "revolucionar" a estrutura da Cúria, assim como a renovação das pessoas.

Reestruturação da Cúria vaticana

Está previsto que em Outubro o Papa Francisco tenha uma reunião com os oito cardeais que formam a comissão que criou para reflectir sobre a melhor maneira de governar a Igreja, o que implicava também dar uma volta à actual estrutura administrativa da Santa Sé. O Pontífice já expressou em público o seu desejo de aligeirar a burocracia eclesial, sem desistir de eliminar o IOR, o chamado `Banco do Vaticano´, ou pelo menos mudar os seus objectivos.

Que se passará com o cardeal Bertone?
Está previsto que o actual Secretário de Estado continue no seu cargo até meados de Outubro. Com 78 anos se jubilará, e previsivelmente porá à disposição de Francisco todos os seus cargos, ainda que manterá o de Camarlengo, cuja função consiste em governar a Igreja católica durante o período que vai desde a morte ou renúncia do Pontífice, até à eleição de um novo.



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