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terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

O rabino Setbon «assustou» o primeiro padre com quem falou... E converteu-se trinta anos depois

Aos 7 anos começou a interessar-se pela Cruz

A morte da sua esposa, o exemplo do cardeal Lustiger e uma estampa da Sábana Santa pontuaram o seu processo de conversão.

Actualizado 22 Fevereiro 2013

José María Ballester / ReL


O ser filho de um pai rabino ultra-ortodoxo e de ascendência sefardita e de uma mãe de origem ashkenazi não foi óbice para que Jean-Maríe Elie Setbon sentisse atracção pela religião católica desde que tinha sete anos. Não foi um capricho momentâneo e a atracção foi enraizando-se até que um domingo, quando tinha quinze anos, decidiu assistir à sua primeira missa numa igreja do bairro parisiense de Montmartre. E com ousadia: foi comungar.

Voltou a essa missa todos os domingos durante três anos e, às escondidas – temia a reacção dos seus familiares -, comprou um Novo Testamento e um crucifixo. Para então já havia cumprido os dezoito anos, uma idade, pensou, o suficientemente avançada para dar o passo definitivo. Estimou que a forma mais adequada era conta-lo a um padre num confessionário.

O susto do padre
- Olhe, sou judeu e quero converter-me
- Q, q, q, que me está dizendo? - tartamudeou o padre -. Uf, uf, espere-me aqui, que volto num instante.

Nunca voltou. De desgosto e de medo, Setbon saiu disparado da Igreja e decidiu centrar-se na sua religião: durante oito anos seguiu uma formação rabínica na Terra Santa mas sem esquecer de todo a Cruz. De volta a França, foi nomeado rabino em Grenoble, ao pé dos Alpes. Casou-se e teve sete filhos, a quem deu nomes de claras reminiscências judaicas: Raquel, Rebeca, Débora….

Uma vida monótona de rabino parecia traçada. Sem dúvida, em 2004, a sua esposa falece de cancro e Setbon fica de “pai no lar” com sete filhos. Foram anos de autêntica precariedade material: o rabino e os seus filhos tiveram que esperar três anos para desfrutar do seu primeiro dia, só um, de férias. Foi o 6 de Agosto de 2007 numa praia normanda.

O mesmo dia que Lustiger
A visão do mar produziu-lhe estranhas sensações. Atreve-se a relacioná-lo com a morte, esse mesmo dia, do cardeal Jean-Marie Lustiger, que também empreendeu o caminho do judaísmo ao catolicismo. De volta a Paris, as sensações se intensificam. Setbon não para de fazer-se ao sinal da Cruz. Esta vez sim, a sua conversão vai ser definitiva.

Inicia uma preparação ao catecumenado nas Irmãzitas de Belém em Paris. Não foi fácil. Segundo declarou a Famille Chrétienne, ele queria conhecer a Cristo mas o contestavam: “Sim, mas a Igreja pensa isto, isto e isto…”. Elaborou então uma lista de objecções que apresentou a Cristo: “Senhor, o rabinito está farto: ou me ajudas ou deixo tudo”.

A resposta veio pouco depois, quando se deparou com uma imagem da Sábana Santa. Disse ao Senhor: “Deixa de jogar às escondidas ou expludo. Não me movo daqui até que não me faças um sinal”. Nesse mesmo instante, o rostro de Cristo voltou a olhá-lo e... “Chegou a Luz: acreditei em tudo, aceitei tudo, incluída a Igreja: o Senhor abriu-me à inteligência das Escrituras”.

Em 14 de Setembro de 2008, Setbon foi admitido na Igreja mediante o sacramento do baptismo. Desde então é Jean-Marie Elie. Jean-Marie, o seu nome de baptismo; Elie, o que levava até então. Era a culminação de um processo que havia durado 37 anos, desde o dia em que começou a sentir atracção por Cristo.


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